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Clube, discreto, funciona desde 1934
especial para a Folha
Qualquer fã do jazz que vê o pequeno luminoso sobre o toldo
desbotado, quase escondido no nº
178 da 7ª Avenida, em Nova York,
chega a duvidar que ali funciona o
mitológico Village Vanguard.
A má impressão deixada pela escada estreita, que parece conduzir
a um porão, só começa a desaparecer quando se vê na parede as
fotos de vários músicos.
Thelonious Monk, Dexter Gordon e Miles Davis, entre outros,
são personagens essenciais na história desse clube de jazz, o mais
antigo da cidade.
Quando começou a funcionar,
na noite de 26 de fevereiro de 1934,
ainda na Charles Street, o Vanguard era somente um ponto de
encontro de artistas e escritores,
que frequentavam o bairro boêmio do Village.
O dono
Seu proprietário -Max Gordon, um imigrante da Lituânia,
que se radicara em Nova York, oito anos antes, com planos de estudar direito- não demorou a definir um estilo para a casa.
Max passou a ocupar o minúsculo palco com músicos e artistas
talentosos, mas ainda desconhecidos, como o cantor folk Woody
Guthrie, o bluesman Leadbelly, a
cantora e atriz Eartha Kitt e o comediante Woody Allen.
A definição pelo jazz só aconteceu em meados dos anos 50, época
em que Miles Davis, Dizzy Gillespie, Charles Mingus, Art Blakey e
Gerry Mulligan e outras feras do
gênero passaram a se apresentar
no Village Vanguard com frequência.
Desde então, quase todos os
grandes nome do jazz ali estiveram.
Meca
Nas últimas cinco décadas, a aura do clube nova-iorquino proporcionou sessões musicais extraordinárias, que felizmente ficaram registradas em discos de mestres como Coltrane, Sonny Rollins
e Bill Evans, com a grife "Live at
the Village Vanguard".
Foi ali, por exemplo, que o saxofonista Dexter Gordon
(1923-1990) comemorou seu retorno aos EUA, em 1976, depois
de passar 14 anos na Europa, quase esquecido.
A repercussão do disco "Homecoming: Live at the Village Vanguard" ajudou Dexter a reconquistar seu status de astro.
Além das temporadas regulares
com medalhões do jazz, outra
atração especial do clube era a vibrante Thad Jones-Mel Lewis Orquestra, "big band" que ocupou
seu palco todas as segundas-feiras
entre os anos de 1966 e 1990.
A resistência de Max Gordon
frente aos modismos musicais
ajuda certamente a explicar o fato
de esse clube de jazz ter durado
tanto tempo. Ao defender a qualidade musical antes de tudo, o Village Vanguard tornou-se a Meca
do jazz nova-iorquino.
(CC)
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