|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.
Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
Eloysa Simão assume o Rio Summer
Empresária assina contrato para presidir evento e quebra o silêncio a respeito de sua saída do comando do Fashion Rio
Há três semanas, a empresária Eloysa Simão, então diretora do Fashion Rio, foi afastada
do cargo pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro). A organização da semana de moda carioca foi transferida para a Luminosidade, do
empresário Paulo Borges (da
São Paulo Fashion Week) e do
grupo Inbrands.
Não demorou muito o período de "desemprego" de Eloysa.
Na última quarta, ela se tornou
formalmente a nova presidente
do Rio Summer, o evento de
moda criado pelo publicitário
Nizan Guanaes. Em São Paulo,
onde esteve para assinar o contrato do novo cargo, ela falou à
Folha pela primeira vez sobre a
sua saída do Fashion Rio, que
ela dirigia desde 2002.
O anúncio do afastamento de
Eloysa foi feito pela Firjan
-dona do Fashion Rio-, numa
coletiva de imprensa, no dia 17
de abril, e pegou de surpresa o
mundo da moda. Mais surpreendida, porém, foi a própria
empresária, que recebeu a notícia por meio de uma carta, encaminhada por motoboy, na
tarde do dia anterior à coletiva.
"Quando li a carta, não entendi nada", conta. "Eles diziam que não precisavam mais
de meus serviços, mas que arcariam com os custos do contrato que tínhamos. Ninguém
da federação me procurou, e estavam faltando apenas 40 dias
para a realização do evento".
Até agora ela não teve nenhuma explicação a respeito de seu
afastamento. "Não sei por que
fizeram isso. O modo como encaminharam tudo não foi correto, nem comigo, nem com o
mercado. Eles não deram chances de uma reação."
Eloysa foi a criadora dos
principais eventos de moda do
Rio a partir dos anos 90. O Fashion Rio surgiu de um deles, a
Semana Barrashopping. "Não
foi o Fashion Rio que me fez.
Fui eu que fiz o Fashion Rio",
diz a empresária. As grifes participantes da semana carioca e
suas assessorias de imprensa
também não foram comunicadas antecipadamente da mudança, e receberam a notícia
por e-mail, depois da coletiva
da Firjan. A Folha tenta falar
com a federação desde o dia 22
de abril, sem sucesso.
A situação do evento carioca
é ainda mais complicada devido ao fato de a empresa de
Eloysa, a Dupla Assessoria, ser
um dos três membros do comitê de gestão do Fashion Rio,
junto com a Firjan e a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção).
Além disso, a Firjan não pode negociar o Fashion Business, a feira de moda realizada
paralelamente ao Fashion Rio
e cujo licenciamento pertence
à Dupla e à empresa Scala.
Criada em 2003, a feira vinha
se tornando nas últimas temporadas tão ou mais relevante
que a própria semana carioca.
Por exigência contratual, o
Fashion Business deverá acontecer na próxima temporada de
desfiles no Rio, entre 5 e 10 de
junho. "Nesta edição, nós o realizaremos, em respeito ao mercado de moda, mas depois vamos rediscutir", diz Eloysa. A
Dupla Assessoria é também
responsável pelos eventos Minas Trend Preview (em Belo
Horizonte), o Top Fashion Bazar (no Rio) e o Barra Fashion
Bahia (em Salvador).
No dia seguinte à coletiva de
imprensa da Firjan, Eloysa recebeu três telefonemas com
propostas de trabalho. Uma delas era de Nizan Guanaes, que
já havia tentado conquistá-la
para o cargo de coordenadora
do Rio Summer em 2008. "Recusei porque tinha um compromisso com a Firjan", diz.
Ela não acha que o Rio Summer será discriminado no futuro pela organização e pelas grifes do Fashion Rio e da São
Paulo Fashion Week. "Não haveria razão para isso ocorrer,
seria absurdo. Todos sabemos
que o Rio Summer tem um foco
muito diferente, ele é voltado
para o mercado externo." O
grupo Maior, de Nizan Guanaes, pretende investir de R$
200 milhões nos próximos três
anos na capital carioca.
Eloysa diz que o episódio de
seu afastamento do Fashion
Rio lhe deixou uma boa lição.
"Muitas pessoas acham que as
coisas devem ocorrer assim
mesmo, no mundo dos negócios. Para elas, a ética, a lealdade e a transparência não fazem
sentido. Eu, pessoalmente, não
quero fazer parte de um mundo assim. Prefiro viver num
mundo em que as pessoas têm
coragem de se olhar nos olhos."
Texto Anterior: Crítica: Com narrativa frágil, "Ato de Liberdade" aborda fuga de judeus dos nazistas Próximo Texto: Fast fashion Índice
|