São Paulo, domingo, 08 de maio de 2011 |
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OPINIÃO Reality da balança coloca jornalistas em efeito sanfona FERNANDA MENA EDITORA DA ILUSTRADA Em tempos de epidemia global de obesidade, o desafio de adotar hábitos saudáveis diante das câmeras para perder pneus e culotes ganha contornos de utilidade pública. A rigor, o assunto tange a metade da população brasileira que está acima do peso. A retórica pedagógica, no entanto, esconde os motores do sadismo e da fantasia, como as barriguinhas salientes costumam se ocultar em camisetões GG. Será que gordinhos vão resistir ao pecado da gula? A audiência se torna, com certo prazer, patrulha das escorregadas alheias. Por outro lado, do aconchego do sofá da sala, as provações físicas e as privações alimentares daqueles em busca de medida certa parecem borrar nossa própria desmedida no mundo da supremacia magra. Ao final do quadro, é como se já nos sentíssemos mais leves. Diz-se que toda mulher deseja perder "dois quilinhos". Com o atual cardápio light da TV, essa utopia pode se transferir da geladeira para o controle remoto, na sintonia de um reality de peso. Com tantos anônimos e famosos dispostos a expor suas crises com a balança em rede nacional, é difícil imaginar como um programa com o nome de "Viva o Gordo" pudesse ser bem-sucedido na TV de hoje. Até o Senhor Barriga do "Chaves" pediu arrego de seus mais de 120 quilos no argentino "Cuestión de Peso". Depois das noivas, dos roqueiros e das celebridades do B, parece ter chegado a vez dos jornalistas, espécie de última fronteira dos realities. Ao casar entretenimento e jornalismo, os participantes de "Medida Certa" correm o risco de perder não só peso mas também alguns centímetros de credibilidade. Texto Anterior: Fita métrica não é problema unânime entre televisivos Próximo Texto: Fogerty espera pôr plateia para cantar Índice | Comunicar Erros |
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