São Paulo, domingo, 08 de maio de 2011

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Wilker reencarna Giovanni Improtta

Ator estreia na direção de cinema com filme sobre seu famoso personagem da novela "Senhora do Destino"

Criado há 30 anos por Aguinaldo Silva, bicheiro carioca ficou famoso por bordões como "o tempo ruge"

LUIZA SOUTO
DO RIO

São 20h e os corredores da Assembleia Legislativa do Rio estão movimentados. Mas não se trata de nenhuma sessão, e sim das gravações da comédia "Giovanni Improtta", primeiro filme dirigido por José Wilker.
Em torno de uma mesa redonda estão Wilker, Othon Bastos, Hugo Carvana e Milton Gonçalves, ou "D'Arta- gnan e os três mosqueteiros", como define o último.
Eles estão passando o texto de uma cena em que fazem uma reunião da cúpula do jogo do bicho. Sob gargalhadas e charutos, a noite dá sinais de que será longa.
"Você não vai tirar a minha concentração", diz Gonçalves a Carvana, que não para de cantarolar.
Faltando ainda três semanas para finalizar as filmagens de um mês e meio, Wilker defende o clima de descontração, apesar da responsabilidade de rodar uma obra de R$ 6 milhões. "A gente trabalha 12, 15 horas por dia. Se isso não for prazeroso, não faz sentido", diz.

SUCESSO
Giovanni Improtta foi criado por Aguinaldo Silva há 30 anos, quando lançou o livro "O Homem que Comprou o Rio". Na obra, o personagem é um poderoso bicheiro. Mas a fama veio mesmo com a novela "Senhora do Destino", de 2004, também de Silva.
Nela, Wilker interpretou o empresário da construção civil e presidente de uma escola de samba. Sua característica marcante é a forma incorreta de usar as palavras, como no bordão "o tempo ruge e a Sapucaí é grande".
"Novela é uma coisa horizontal, e como o Giovanni para mim foi uma invenção muito saborosa, achei que valia a pena dar uma olhada mais vertical para ele. Então eu e Aguinaldo escrevemos uma história, que não tem nenhuma ligação com a novela", explica Wilker.
Nessa comédia, os bicheiros estão lutando contra a invasão dos cassinos. Para um debutante, Wilker parece bem confortável à frente de um filme de 62 atores.
"Eu sempre fiz isso. Minha origem como artista foi escrevendo, atuando, dirigindo. Estou trabalhando com amigos, que conheço há 30, 40 anos, como o Cacá [Diegues, produtor], que é a pessoa com quem mais trabalhei em cinema", diz.
Com mais de 50 filmes no currículo, Wilker vê o país no caminho de consolidar sua indústria cinematográfica.
"A gente passou por vários surtos de cinema e, agora, estamos em um bom ciclo, mais duradouro. A gente ainda não tem cinema, a gente tem filmes. Mas estamos com boas perspectivas de criar uma indústria."


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