São Paulo, sexta, 8 de maio de 1998

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FILME
Em Tóquio, frequência é de jovens mulheres heterossexuais
Festival de cinema gay dribla acensura e atrai público jovem

ANDRÉ FISCHER
Enviado especial a Tóquio

A 7ª edição do Tokyo International Lesbian and Gay Film Festival, que vai até o próximo dia 17, começa com a exibição dos longas "Poussières d'Amour" e "O Outro Lado da Cidade Proibida".
O festival, que acontece em duas salas no cinema Ayoma Spiral, conta pela primeira vez com uma expressiva participação brasileira.
Dentro do circuito de quase cem festivais de cinema gay que se realizam em todo o mundo, o Festival de Tóquio apresenta particularidades, a começar pelo público.
Assim como nos estádios de futebol japoneses, a frequência aos filmes gays é formada em grande parte por garotas heterossexuais com menos de 25 anos.
No Japão, o público feminino jovem é grande consumidor da pornografia gay soft. "Apesar das palavras gay e lésbica grafadas com letras maiúsculas no nome do festival, atraímos um público cada vez mais misto", diz Sarah Teastey, co-diretora do festival.
O festival, que se apóia numa vertente tecnológica e tem como um dos patrocinadores a América On Line, vem há anos driblando a forte censura japonesa, que até hoje proíbe a exibição de imagens contendo genitálias desnudas.
Em muitos casos, o festival é obrigado a comprar cópias de filmes que serão exibidos, já que deve imprimir tarjas pretas sobre órgãos genitais e editar cenas de sexo explícito.
Apesar de os filmes serem exibidos com legendas em japonês, o inglês continua sendo o segundo idioma oficial do festival, cujo tema este ano será juventude.
Foram programados longas e curtas "étnicos", que mostram como vivem jovens das mais variadas orientações sexuais. Entre os diretores convidados estão nomes como o espanhol Afonso Albacete e Micky Chen, de Taiwan.
Alguns destaques da programação são "Leather Jacket Love Story" (exibido no Brasil em 97 como "Romance da Jaqueta de Couro") e o documentário sobre a vida íntima de Jodie Foster, da anglo-indiana Pratiba Pramer.
A grande novidade é a seleção de curtas brasileiros intitulada Brasil Diversidade, organizada pelo Festival Mix Brasil.
A numerosa comunidade brasileira de Tóquio vem se preparando há dois meses para o evento, com a realização de festas e encontros que concentraram sobretudo gays e lésbicas nipo-brasileiros.
Serão exibidos curtas premiados, como o documentário sobre o artista plástico Leonilson, "Com o Oceano Inteiro Para Nadar".
A foto do performer Santiago Nazarian, cujo trabalho é tema do vídeo "Um Caso de Body Art", foi utilizada como uma das imagens símbolo do festival.
A apresentação dos filmes brasileiros, no dia 16, dá continuidade ao intercâmbio entre os dois festivais (de Tóquio e Mix Brasil), iniciada no ano passado.
Durante o 5º MIX Brasil, no Centro Cultural São Paulo,o público paulistano assistiu a documentários, longas e curtas selecionados pelo festival japonês.



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