São Paulo, sexta-feira, 08 de junho de 2001

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CINEMA/ESTRÉIAS

"A PARTILHA"

Dirigido por Daniel Filho e baseado em peça de Miguel Falabella, filme tem estréia nacional com 144 cópias

Produção global se espalha pelo Brasil

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando "A Partilha", de Miguel Falabella, estreou no teatro, em 1990, o homem de TV Daniel Filho garantiu os direitos de sua transposição para o cinema.
Com uma década de distância da "première" nos palcos, a história das quatro irmãs que promovem um acerto de contas emocional e financeiro após a morte da mãe chega hoje às telas das cinco regiões do país, em 144 cópias produzidas e distribuídas pelos selos da Globo Filmes (empresa em que Daniel ocupa o cargo de diretor artístico), Lereby (a produtora do cineasta) e Columbia.
O quarteto de atrizes protagonistas é capitaneado por Glória Pires -"A única em que pensei desde o início", diz Daniel- e traz os nomes de Lilia Cabral, Andrea Beltrão e Paloma Duarte.
Daniel Filho, que teve a astúcia de perceber rapidamente o apelo popular de uma história que deu fama e fortuna ao seu autor e envernizou a carreira de não poucas atrizes, sabe que não fez um filme denso. "Não acredito que "A Partilha" deva participar de festivais. Filme para ir a festival tem que ser contundente", diz.
É um projeto ao qual se apegou e desapegou nos últimos dez anos. "Muitas vezes pensei em desistir. Mas me lembrava do Bruno Barreto dizendo: "Se você não quiser dirigir, dirijo eu". Ele havia dito isso em "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e deu no que deu."
O roteiro, que preserva bastante da estrutura da peça, tem as assinaturas do diretor, de Miguel Falabella, de João Emanuel Carneiro e de Mark Haskell Smith.
O largo parêntese entre a definição do projeto e sua concretização Daniel atribui à dificuldade conjuntural para a produção cinematográfica no Brasil nesse período.
E segue pessimista. Diz que "a lei do Audiovisual não ajudou nada". Afirma que sua burocracia é infernal: "Num só dia fiquei três horas assinando papéis. O que assinei, nem sei". E diz que o peso do nome da Globo Filmes, do seu próprio e o prestígio das atrizes envolvidas não facilitaram em nada a captação de recursos.
A Globo Filmes divulga a cifra de R$ 3 milhões como correspondente ao orçamento do filme. De acordo com dados do Ministério da Cultura, a Lereby Produções obteve autorização para captar, com benefício das leis de renúncia fiscal, R$ 4.340.598,02 e conseguiu efetivamente R$ 1.198.365,71.
"A Partilha" é a sétima produção da Globo Filmes. A empresa estuda, em parceria com a Columbia, a produção de 12 telefilmes. "O Filho Predileto" será a primeira experiência do projeto.
Constam ainda da sua lista de filmes em pré-produção "Redentor", de Cláudio Torres, "Olga", baseado no livro homônimo de Fernando Morais e sem diretor definido, "Muito Gelo e Dois Dedos de Água", o próximo longa de Daniel Filho, "Caramuru", primeiro episódio da série televisiva "A Invenção do Brasil" adaptada para as telas por Guel Arraes, e "Cazuza", projeto em definição.
Depois da estréia hoje no circuito comercial, "A Partilha" deverá sair em vídeo doméstico em novembro. Sua exibição na TV ainda não tem data acertada.


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