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DVD recupera arranjador de Gal Costa e Tim Maia
Aos 64, Arthur Verocai refaz repertório de primeiro
disco em apresentação em Los Angeles com orquestra
Famoso nos anos 70,
deixou a música de lado
e investiu em jingles
publicitários após
fracasso na estreia
BRUNA BITTENCOURT
DE SÃO PAULO
Arthur Verocai percorreu
um caminho sinuoso. Arranjador requisitado nos anos
1970, se afastou da música
depois que o primeiro álbum
foi mal recebido ou pouco
compreendido pelo público.
O mesmo disco, cultuado
por colecionadores, foi relançado nos EUA no início dos
2000. O brasileiro acabou
sampleado por produtores
de hip-hop e repassou seu álbum em um show para mais
de mil pessoas em Los Angeles, no ano passado, que é
lançado neste mês em DVD.
Além dele, uma "mixtape"
(compilação) assinada pelo
DJ Nuts, que está em www.dj-nuts.blogspot.com, faz
um apanhado da obra do
compositor, que assinou arranjos de "Nove", de Ana Carolina, e do disco inédito de
Marcelo Jeneci, ambos produzidos por Kassin.
"Ele tem uma personalidade que nem sempre os arranjadores têm. Tem um som dele", diz Kassin.
No fim dos anos 60, Verocai teve diversas músicas interpretadas em festivais pelo
Brasil. Na década seguinte,
viu deslanchar a carreira como arranjador. Trabalhou
com nomes como Jorge Ben
Jor, Gal Costa, Tim Maia e
Ivan Lins, entre outros.
O sucesso lhe rendeu convite para trabalhar na Rede
Globo -onde foi diretor musical de programas- e para
gravar o primeiro álbum,
"Arthur Verocai", em 1972.
JINGLES
"É um disco sofisticado",
resume à Folha. O disco é
uma refinada fusão do soul e
da música brasileira. Mas a
recepção foi aquém da esperada. "Ninguém entendeu:
nem público nem o mercado", lembra. "Fiquei anos
sem ouvir esse disco."
O arranjador, então, trocou a música por jingles.
"Achei que meus arranjos
não estavam agradando, voltei para a minha toca."
Depois de 30 anos, Verocai
lançou em 2002 um disco independente, calcado na bossa nova que marcou o início
da carreira. No mesmo ano,
foi contatado por uma gravadora americana para relançar o álbum de 1972. "A última venda no eBay foi de US$
2.500 [R$ 4.650]", diz Nuts.
O álbum passou a ser sampleado por nomes do rap, como MF Doom e Ludacris.
O relançamento e os samples contribuíram para que,
no ano passado, Verocai interpretasse o disco com uma
orquestra de 35 integrantes,
entre eles os brasileiros Mamão (Azymuth), Carlos Dafé
e Airto Moreira, em um show
com ingressos esgotados.
"Podia fazer qualquer coisa
que eles batiam palma", ri.
Neste mês, ele volta a Los
Angeles para fazer alguns
shows e promover o recém-lançado DVD. O arranjador
parece, finalmente, estar de
bem com a música. "Voltei."
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