São Paulo, terça-feira, 08 de junho de 2010

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DVD recupera arranjador de Gal Costa e Tim Maia

Aos 64, Arthur Verocai refaz repertório de primeiro disco em apresentação em Los Angeles com orquestra

Famoso nos anos 70, deixou a música de lado e investiu em jingles publicitários após fracasso na estreia


BRUNA BITTENCOURT
DE SÃO PAULO

Arthur Verocai percorreu um caminho sinuoso. Arranjador requisitado nos anos 1970, se afastou da música depois que o primeiro álbum foi mal recebido ou pouco compreendido pelo público.
O mesmo disco, cultuado por colecionadores, foi relançado nos EUA no início dos 2000. O brasileiro acabou sampleado por produtores de hip-hop e repassou seu álbum em um show para mais de mil pessoas em Los Angeles, no ano passado, que é lançado neste mês em DVD.
Além dele, uma "mixtape" (compilação) assinada pelo DJ Nuts, que está em www.dj-nuts.blogspot.com, faz um apanhado da obra do compositor, que assinou arranjos de "Nove", de Ana Carolina, e do disco inédito de Marcelo Jeneci, ambos produzidos por Kassin.
"Ele tem uma personalidade que nem sempre os arranjadores têm. Tem um som dele", diz Kassin.
No fim dos anos 60, Verocai teve diversas músicas interpretadas em festivais pelo Brasil. Na década seguinte, viu deslanchar a carreira como arranjador. Trabalhou com nomes como Jorge Ben Jor, Gal Costa, Tim Maia e Ivan Lins, entre outros.
O sucesso lhe rendeu convite para trabalhar na Rede Globo -onde foi diretor musical de programas- e para gravar o primeiro álbum, "Arthur Verocai", em 1972.

JINGLES
"É um disco sofisticado", resume à Folha. O disco é uma refinada fusão do soul e da música brasileira. Mas a recepção foi aquém da esperada. "Ninguém entendeu: nem público nem o mercado", lembra. "Fiquei anos sem ouvir esse disco."
O arranjador, então, trocou a música por jingles. "Achei que meus arranjos não estavam agradando, voltei para a minha toca."
Depois de 30 anos, Verocai lançou em 2002 um disco independente, calcado na bossa nova que marcou o início da carreira. No mesmo ano, foi contatado por uma gravadora americana para relançar o álbum de 1972. "A última venda no eBay foi de US$ 2.500 [R$ 4.650]", diz Nuts.
O álbum passou a ser sampleado por nomes do rap, como MF Doom e Ludacris.
O relançamento e os samples contribuíram para que, no ano passado, Verocai interpretasse o disco com uma orquestra de 35 integrantes, entre eles os brasileiros Mamão (Azymuth), Carlos Dafé e Airto Moreira, em um show com ingressos esgotados. "Podia fazer qualquer coisa que eles batiam palma", ri.
Neste mês, ele volta a Los Angeles para fazer alguns shows e promover o recém-lançado DVD. O arranjador parece, finalmente, estar de bem com a música. "Voltei."


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