São Paulo, quarta-feira, 08 de junho de 2011

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Caixa de CDs traça panorama amplo da música brasileira

Registros raros de rádio, de músicos como Cauby Peixoto e Elza Soares, estão em coleção com material do Instituto Cravo Albin

CARLOS MESSIAS
DO "AGORA"

Em um passado não muito distante, era possível escutar no rádio Johnny Alf, Luiz Gonzaga, Paulo Tapajós, Paulinho da Viola e Beth Carvalho, a pleno vapor, em interpretações especiais para programas de auditório.
Entre 1974 e 1975, o "MPB 100 ao Vivo" foi transmitido em todo o país pela rádio MEC AM, do Rio. O intuito da atração, produzida e apresentada pelo pesquisador Ricardo Cravo Albin, era traçar um panorama amplo da música brasileira.
De tal modo, foi dividida em oito períodos, do início da MPB (de 1870 e 1920), com obras de Chiquinha Gonzaga, Pattápio Silva e Eduardo Souto, à reavaliação do samba de raiz (anos 1970), com composições de Dona Ivone Lara, Leci Brandão e João Nogueira, entre outros.
Os registros, tirados de 24 episódios do programa, estão sendo lançados pela primeira vez em CD no box "100 Anos de Música Popular Brasileira", em oito volumes.
Esse é o primeiro fruto da parceria, firmada ano passado, entre o selo Discobertas e o Instituto Cultural Cravo Albin, que tem a posse da obra.
Após o lançamento original em vinil, em 1975, e um relançamento da Som Livre, em 1980, as gravações permaneciam fora de catálogo.
"Um exemplar da coleção completa foi comprado por R$ 3.000 no Japão", diz Cravo Albin, 70.
O conceito do "MPB 100 Ao Vivo" envolvia resgatar a era do rádio (1940-1950), quando eram comuns os programas de auditório.

TODOS OS TEMPOS
No âmbito da composição, toda a nata da música brasileira até aquele período se faz presente, o que inclui: Ary Barroso, Noel Rosa, Ataulfo Alves, Herivelto Martins, Dorival Caymmi, Luiz Gonzaga, Dolores Duran, Tom Jobim, Carlos Lyra, Chico Buarque, Jorge Ben Jor e tantos mais.
Ainda que muitos compositores originais estivessem vivos, grande parte deles não canta na coleção.
"Os programas eram uma revista musical, não havia compromisso com versões autorais ou gravações originais", diz Marcelo Fróes, diretor do Discobertas. Por exemplo, conta Cravo Albin, "Vinicius de Moraes iria dar uma canja em "Medo de Amar". Mas ele tomou um porre e não apareceu".
O box traz raridades inestimáveis como Elza Soares cantando "Dia de Graça" (Candeia) e Cartola fazendo a sua "Acontece" só no violão, a primeira versão da canção de que se tem registro.
O áudio da coleção passou por um minucioso processo de restauração, mas conserva alguns poucos -e bem-vindos- ruídos.

100 ANOS DE MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

ARTISTAS vários
LANÇAMENTO Discobertas
QUANTO R$ 110, em média


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