São Paulo, domingo, 08 de julho de 2007

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BIA ABRAMO

A simplicidade dos célebres


Dupla de patricinhas do "Simple Life" brasileiro copia o programa original americano

É TUDO igual, exceto o que é diferente. A versão brasileira de "Simple Life", que estreou semana passada, segue o original como se fosse um script, mesmo no que, em tese, seria espontâneo. O que é estranho, em se tratando de um reality show. O episódio de estréia repetiu as mesmíssimas situações do programa estrelado por Paris Hilton e Nicole Richie. "Sem cartão de crédito, sem celular, sem noção", diz a chamada cá e lá. A idéia era, como é aqui, colocar duas moças mimadas, de cidade grande, para passar um tempo em uma fazenda e enfrentar condições de vida muito diferentes das quais estão acostumadas.
As moças compram indiscriminadamente para se despedirem de seus cartões de crédito, e os preços exorbitantes das bolsinhas e sapatinhos são destacados na tela da TV. Na chegada, de avião particular, em vez de uma recepção, elas encaram uma caminhonete para chegar à fazenda e, entre muitos gritinhos, erram o caminho, o veículo morre e prosseguem os gritinhos. E por aí vai.
A diferença é que, de fato, as moças americanas são celebridades porque são milionárias -uma, herdeira do grupo hoteleiro Hilton; a outra, filha do cantor Lionel Richie- de vida extravagante, e, aqui, são celebridades ponto. Ticiane é aquela, filha de Helô "Garota de Ipanema" Pinheiro, que se casou com Roberto Justus, o rico que brinca de apresentador de reality show. Karina Bacchi garantiu seu lugar no hall da fama fazendo propagandas de cerveja ao lado do "baixinho da Kaiser" e leiloando seu piercing genital.
Claro, essas duas duplas são feitas mais ou menos do mesmo barro: toda aquela beleza e saúde que o consumo pode comprar, o desprezo pelos que não têm os mesmos privilégios, uma ignorância profunda em relação ao mundo real e o horror ao trabalho. Embora tudo isso seja genuíno tanto para as patricinhas americanas quanto para as brasileiras, no segundo caso, há uma nota mais falsa e estridente. Natural: falsas milionárias, elas se representam nas duas pontas. O fato de a versão da Record ter optado por assumir a cópia também bane qualquer espontaneidade, o que talvez fosse a única possibilidade de olhar com alguma simpatia para o programa.

 

E por não falar em Paris Hilton, a melhor coisa da TV na semana retrasada foi a imagem da apresentadora da MSNBC que se recusou a ler a notícia sobre a saída de Paris Hilton da prisão, dizendo "eu odeio essa história". Em seguida, tentou queimar e depois picou o papel no qual estava a matéria. Tudo isso ao vivo; tudo isso no YouTube.

biabramo.tv@uol.com.br


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