São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2011

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9ª FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY

Crise portuguesa inspira romance de valter hugo mãe

Autor, que escreve o próprio nome e os títulos dos livros com letras minúsculas, participa hoje da Flip

Trama de "a máquina de fazer espanhóis" reflete a indignação do escritor português com os rumos de seu país

FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

O desconsolo de valter hugo mãe com seu Portugal está na raiz de "a máquina de fazer espanhóis". Lançado pela Cosac Naify, o livro segue um hábito do autor: grafar o próprio nome e os títulos de suas obras com letras minúsculas.
"Quando um programa de TV propôs uma votação para eleição do maior português de sempre, o ditador Salazar ganhou confortável. Afinal, depois de tanta revolução e democracia, os portugueses elegeram o ditador como o melhor. Isso deu-me vômitos. Tive de pensar muito sobre o assunto", afirma o autor de 40 anos, que divide hoje mesa na Flip com a argentina Pola Oloixarac.
A crise econômica portuguesa, que causa a imigração e a tal máquina, é, na visão do autor, uma sinuca de bico. "Sem a União Europeia seríamos um campo de batatas bordejando a praia. A Europa é a nossa única oportunidade. Por outro lado, estarmos numa união significa que qualquer chilique da senhora Merkel [premiê alemã] -que nós odiamos todos do fundo do coração- implica com nossa vida de modo muito insuportável", critica.
"O próximo passo devia ser os portugueses terem voto nas eleições da Alemanha, porque a política alemã tem intervenção demasiado direta na vida portuguesa."
O romance, que é também uma alegoria sobre a velhice, é dedicado ao pai do autor, que morreu antes de ele começar a escrever prosa.
"Morreu pensando que tinha um filho poeta. Quando comecei inventando histórias e problematizando o assunto, tive logo a percepção de que passaria um pouco pela vida dele. Mais tarde compreendi que seria com "a máquina" que tentaria colmatar a lacuna inventada pela sua morte", conta.
"O livro procura ocupar um vazio, como se deixado na sua cadeira à mesa." O autor diz que no novo livro, que sai em setembro em Portugal, abandona as minúsculas (com a qual busca criar "uma espécie de humildade gráfica") usadas na tetralogia da qual "a máquina" faz parte.
O próximo a sair no Brasil, pela mesma editora 34 que publicou "o remorso de baltazar serapião", será "o nosso reino" -ambos integram a tetralogia, que tem em "a máquina..." o último título e que se completa com o ainda inédito aqui "o apocalipse dos trabalhadores".

FOLHA.com
Leia a íntegra da entrevista
folha.com.br/il940310



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