São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2004

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CINEMA

"A Agenda" desmonta mecânica da tragédia social

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE DOMINGO

"A Agenda" , de Laurent Cantet (2001), é um dos melhores filmes franceses dos últimos anos -ambicioso, atual e extremamente necessário.
Quem não o assistiu no cinema, terá hoje uma chance de fazê-lo pela TV. Depois pode comparar "A Agenda" (2001) com "O Adversário" (2002), realizado pela atriz Nicole Garcia, em cartaz em São Paulo. Ambos se inspiraram numa mesma história real que comoveu a França há algum tempo: a de um homem que fingiu durante anos ter um emprego e, quando foi desbaratado pela família e os amigos, protagonizou uma tragédia horripilante.
A comparação, além de curiosa, pode ser útil, pois permite ver a distância que separa um diretor atento ao seu mundo, como é Cantet, de um diretor preocupado principalmente com o seu próprio filme, como ocorre com Nicole Garcia.
A primeira coisa que os difere é a intenção que levou os diretores a filmar. Garcia encara a tragédia real sobretudo como uma oportunidade para o exibicionismo dramático dos atores e de si mesma como diretora.
Cantet vê nessa tragédia uma motivação para refletir, com os recursos únicos do cinema, sobre uma situação social precisa e exemplar.
Garcia transforma a história progressivamente num labirinto psicológico, fechando-nos entre as quatro paredes de razões interiores insondáveis. Cantet, ao contrário, expande a narrativa para uma perspectiva política, descobrindo pouco a pouco como uma cruel ordenação econômica maquina por detrás das representações sentimentais e familiares.
"O Emprego do Tempo" (nome em francês de "A Agenda") é um filme que tem tanto a dizer à França, onde está em crise a lei que reduziu para 35 horas o trabalho semanal, como ao Brasil, onde o desemprego atormenta as consciências.


A AGENDA. Quando: hoje, às 23h05, no Telecine Emotion.

TV ABERTA

Gérard Depardieu é pai-herói em filme inglês

Meu Pai Herói
SBT, 13h50.

(My Father the Hero). Inglaterra, 1994, 90 min. Direção: Steve Miner. Com Gérard Depardieu, Katherine Heigi, Dalton James, Lauren Hutton. Menina adolescente e mimada, passando férias com o pai, faz o que pode e o que não pode para comover o jovem bonitão a quem paquera. Entre outras, inventar histórias que transformam o pai em amante violento.

O Barbeiro que se Vira
Cultura, 15h30.

Brasil, 1957. Direção: Eurides Ramos. Com Arrelia, Eliana, Paulo Goulart, Fregolente. Além de barbeiro, dentista, farmacêutico, veterinário etc. de uma cidadezinha do interior paulista, Arrelia também é o cupido da história, tratando de favorecer o amor entre Paulo Goulart e Eliana, ao qual se opõe o tutor da garota. Comédia.

El Mariachi
Bandeirantes, 20h30.

(El Mariachi). EUA, 1993, 81 min. Direção: Robert Rodriguez. Com Carlos Gallardo, Consuelo Gómez. A fama do filme repousa sobre a suposição (pouco plausível) de que teria custado US$ 7 mil. Em todo caso, a história do seresteiro confundido com um criminoso na fronteira entre México e EUA não vale muito mais do que o anunciado.

A Morte Não Manda Recado
Bandeirantes, 23h30.

(The Ballad of Cable Hogue). EUA, 1970, 121 min. Direção: Sam Peckinpah. Com Jason Robards, Stella Stevens. À beira da morte, Hogue é salvo e começa uma nova vida, graças à água que encontra no deserto. Mas eis que o tempo das diligências vai chegando ao fim, dando vez ao dos automóveis. Peckinpah às voltas com um de seus temas favoritos, o Velho Oeste crepuscular.

A Fortuna de Ned
Globo, 0h30.

(Waking Ned Divine). Irlanda/Inglaterra, 1998, 90 min. Direção: Kirk Jones. Com Ian Bannen, David Kelly, Fionnula Glanagan. Retrato de uma aldeia irlandesa, tomando como pretexto a história de um habitante que morre ao saber que ganhou uma fortuna na loteria e a reação dos outros 51 habitantes do local. Inédito. (IA)


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