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Maestro Moacir Santos morre aos 80 nos EUA
O compositor e arranjador, que recentemente fora escolhido o vencedor do Prêmio Shell de Música pelo conjunto de sua obra, não resistiu ao 2º derrame
Enterro será nos Estados Unidos, onde Santos vivia desde 1967; nos últimos anos, músico voltou ser homenageado no Brasil
DA SUCURSAL DO RIO
O compositor, maestro e arranjador Moacir Santos morreu no domingo, aos 80 anos,
em Pasadena, Califórnia, onde
vivia com a mulher, o filho e os
três netos. Santos, que carregava seqüelas de um derrame sofrido nos anos 90, não resistiu a
um segundo derrame. Seu corpo será sepultado nos EUA, para onde se mudou em 1967.
Em 18 de julho, Santos foi escolhido o vencedor deste ano
do Prêmio Shell de Música, que
contempla um compositor pelo
conjunto de sua obra. Foi mais
um da série de reconhecimentos que ele teve nos últimos
anos. "Ele era o grande maestro
da música afrobrasileira. Exerceu sobre nós uma influência
serena, sem ir atrás de espaço
na mídia", diz João Bosco.
Em 2001, quando ninguém
no Brasil falava mais em Santos, os músicos Mario Adnet e
Zé Nogueira lançaram o CD duplo "Ouro Negro", em que comandavam uma orquestra na
execução de temas do compositor em seus arranjos originais
-alguns acrescidos de letras de
Nei Lopes. Entre os cantores
que participaram do projeto,
Gilberto Gil, Milton Nascimento e João Bosco. O próprio Santos cantou no disco, já que não
podia mais tocar seu sax.
O CD ganhou prêmios, rendeu um DVD, estimulou o relançamento em 2004 do único
álbum gravado por Santos no
Brasil ("Coisas", de 1965), abriu
portas para a gravação de um
outro disco com temas do compositor ("Choros & Alegria",
que ganhou o Prêmio Tim neste ano) e deu nova vida a ele,
que passou a visitar mais o Brasil e a se sentir reconhecido.
"Ele esperou por isso e se foi.
Tudo o que aconteceu o deixou
feliz", disse Mario Adnet, que
está realizando um DVD sobre
Santos. O show para a entrega
do Prêmio Shell, no Rio, acontece em novembro: uma orquestra tocará as composições,
e o filho do maestro, Moacirzinho, receberá o troféu.
Nascido em Vila Bela, no sertão de Pernambuco, Santos
cresceu em Flores do Pajeú
(PE). Foi escolhido para cuidar
dos instrumentos da banda de
música da cidade e passou a ser
orientado pelos músicos. Tornou-se um multiinstrumentista. Aos 14, começou a correr o
Nordeste tocando em bandas.
No Rio, trabalhou na Rádio
Nacional, em gravadoras e
emissoras, e foi professor de
músicos como Baden Powell,
Paulo Moura, Roberto Menescal e Dori Caymmi. Participou
de vários discos da bossa nova
como arranjador. Parceiro de
Vinicius de Moraes, foi homenageado em "Samba da Benção": "Maestro Moacir Santos,
que não és um só, mas tantos."
Com a mudança para os
EUA, ganhou projeção internacional como compositor de trilhas de cinema, trabalhando
com Henry Mancini, e lançou
quatro discos instrumentais.
Com RONALDO EVANGELISTA, colaboração para a Folha
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