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8ª FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY
Crítico inglês defende marxismo e ataca racionalistas
PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A PARATY
O crítico cultural inglês
Terry Eagleton -que se assume marxista e crente em
Deus- atacou de "supersticiosos" a "islamofóbicos"
autores racionalistas como
Richard Dawkins e Christopher Hitchens, além de britânicos como Martin Amis, Ian
McEwan e Salman Rushdie,
em conferência na Festa Literária Internacional de Paraty.
"Dawkins e Hitchens acreditam que, sem o estorvo da
religião, o mundo caminharia para o iluminismo. Existe
algo mais supersticioso do
que isso?", afirmou.
Eagleton foi suave ao responder a Rushdie, que, na
noite anterior, havia afirmado que o crítico "mente" para
embasar seu alinhamento às
forças conservadoras.
"A linha que separa o ataque ao islamismo radical da
islamofobia é muito tênue e
tem sido cruzada num vaivém constante. Queria ouvir
mais claramente as vozes de
Rushdie, Amis e McEwan fazendo essa diferenciação."
"Alguns deles odeiam o islamismo, porque odeiam a
religião. Há milhões de muçulmanos que nada têm a ver
com o islamismo radical. Há
o fundamentalismo talibã,
mas há também o fundamentalismo texano", declarou.
Eagleton disse que se estabelece uma linha sequencial
em que a civilização sucedeu
a barbárie, numa crença liberal para caracterizar o outro
como bárbaro. "Mas civilização e barbárie são dois lados
da mesma moeda."
Ele atribuiu ao atentado de
11 de Setembro a razão pela
qual Deus está em debate,
numa "era pós-histórica e
pós-metafísica".
"Para Dawkins, crer em
Deus é como acreditar em um
alienígena. Acha que fé e razão não podem coexistir. Seria como dizer o mesmo sobre amor e razão."
O crítico inglês afirma que
a fé na criação é desvinculada da questão da evolução.
Eagleton lança no ano que
vem livro intitulado "Por que
Marx Estava Certo".
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