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Crumb e Shelton agradam com dose de mau humor
Autor de "Fritz, o Gato" elogia grupo de rua em Paraty e fala de "Gênesis"
Crumb diz não ser mais tão obcecado por sexo e diverge sobre quando conheceu Shelton por "fumar muita erva"
IVAN FINNOTI
ENVIADO ESPECIAL A PARATY
Na mesa mais concorrida
da Flip 2010, que aconteceu
ontem à noite em Paraty, os
cartunistas norte-americanos Robert Crumb e Gilbert
Shelton divertiram o público
por uma hora com tiradas de
humor cáustico e histórias da
contracultura dos anos 60.
Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha, que mediou
a conversa, começou perguntando se era verdade que
as mulheres é que haviam
obrigado os cartunistas a viajar a Paraty.
Crumb prontamente confirmou, aproveitando para
reclamar dos fotógrafos. Já
Shelton disse que tinha adorado Paraty.
"É muito pitoresca", disse
ele, ao que Crumb respondeu, com seu mau humor
lendário: "Há muitas cidades
pitorescas no mundo...".
Crumb disse em seguida
que ter assistido a um show
na rua do grupo Os Curandeiros tinha feito valer a viagem.
"Muito melhor que a música
que todos os bares de Paraty
tocam", completou.
O GRANDE ENCONTRO
Shelton lembrou de quando conheceu Crumb: "Foi em
Nova York, em 1969". Mas o
colega duvidou: "Acho que
foi em San Francisco. Mas fumava muita erva e tomava
muito LSD naquela época.
Realmente não lembro...".
Em um momento divertido, Dávila perguntou a
Crumb, que carrega tanto
nas tintas sexuais em suas
histórias, se algo mudara nos
últimos anos.
"Agora sou velho, não sou
mais tão obcecado com sexo.
Na verdade, vejo aquilo e digo: "Jesus, que lunático!". É
um pouco embaraçoso."
Mesmo assim, Crumb lembrou que amigos comentaram com ele que o Brasil era
"a terra prometida para
quem gosta de bundas grandes. E é mesmo! E as roupas
curtas ajudam". Ao que Dávila informou: "E olha que estamos no inverno".
GÊNESIS
Sobre seu último trabalho,
"Gênesis", Crumb contou
que a ideia era fazer piadas
do primeiro livro da Bíblia.
"Eu nem conhecia as histórias. Mas, depois, vi que eram
tão bizarras que resolvi apenas ilustrar, em vez de fazer
uma paródia. Após 25 páginas, percebi que era um trabalho enorme. Só terminei
quatro anos depois."
Informado de que jornais
de Israel haviam publicado
resenhas positivas sobre essa
obra, Crumb não perdeu a
piada: "Vendi o livro pra
eles. Foi o menor adiantamento que já recebi".
Gilbert Shelton comentou
ainda sobre o andamento de
dois filmes baseados em seus
quadrinhos, um deles sobre
os famosos "Freak Brothers",
os quais Shelton disse terem
sido parcialmente inspirados
nos Três Patetas.
Ainda sobre cinema, Shelton comentou que, se fossem
retratá-lo nas telas, gostaria
de ser interpretado por Clint
Eastwood. "Mel Gibson, então, para mim", sugeriu
Crumb.
Ao final da conferência, a
mulher de Crumb, Aline, subiu ao palco e destilou um
pouco de seu humor: "Obrigada por me chamar aqui em
cima. Venho sendo ignorada
por Crumb há 40 anos".
FOLHA.com
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Literária Internacional
de Paraty
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