JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é uma efeméride redonda, como seriam os dez ou 25 anos, mas é um bom pretexto para ouvir hoje à noite boa música. A revista "Concerto" completa oito anos com um recital do pianista Marcelo Bratke, 43. Será às 21h, no Teatro de Cultura Artística.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista que Bratke concedeu à Folha.

Folha - Seu programa para esta noite será eclético. É o ecletismo também de seu repertório?
Marcelo Bratke - Essa diversidade de peças trata em verdade do romantismo e suas periferias. A "Fantasia em Ré Menor", de Mozart, é uma profecia do romantismo. As duas peças do John Cage tratam do indivíduo de forma contemplativa ou onírica. Está em jogo o "eu" romântico. Quanto a Prokofiev, a sonata segura a idéia do "eu" heróico. Quanto aos 24 "Prelúdios" do Chopin, eles são uma síntese do romantismo.

Folha - Chopin é um desafio?
Bratke - Eu não interpretava os "Prelúdios" em público há 16 anos. Eles fazem parte de minha juventude. Há um desafio, e também algo de nostálgico nessa volta ao repertório do século 19.

Folha - Você está morando agora mais em Londres ou em São Paulo?
Bratke - Neste ano tenho permanecido mais em Londres. Voltando para lá eu tocarei na Alemanha, na Irlanda, na Itália e, em seguida, uma turnê na Argentina.

Folha - E como está a agenda de gravações?
Bratke - Tenho uma boa notícia. Eu e a pianista Marcela Roggeri fomos contratados pela gravadora Transat para gravar a obra completa para dois pianos de Darius Milhaud. Será um CD duplo. Estaremos no estúdio em janeiro.