São Paulo, quinta-feira, 08 de setembro de 2011

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CRÍTICA MUSICAL

Musical fraco tem montagem nacional com tom de besteirol

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DA PUBLIFOLHA

A expansão no Brasil de superproduções musicais à la Broadway acompanhou, nos últimos anos, a onda de novo-riquismo no país.
Apesar da birra de algumas pessoas com tais espetáculos, o fato é que eles trazem duas ou três contribuições aos palcos brasileiros: desprovincianizam um pouco a grande audiência, alimentam o hábito de ir ao teatro (em época de dura concorrência entre entretenimentos) e colocam novas exigências técnicas aos profissionais.
Mas estamos longe da Broadway, e vale a pena lembrar que, mesmo superproduzidos, há musicais bons e ruins.
"As Bruxas de Eastwick" não é um bom musical. A versão de John Dempsey e Dana P. Rowe do romance de John Updike é tosca, dramaticamente simplória, incapaz de transferir as sutilezas perversas do humor do escritor.
O livro narra o processo de dessublimação sexual de três mulheres numa pequena cidade, insuflada pela aparição de um galanteador diabólico. Updike fustiga o puritanismo americano e o feminismo.
No musical, porém, os diálogos resultam pífios; os conflitos, esquemáticos; os personagens, sem densidade; as canções, insossas -nenhuma melodia arrebata de fato os ouvidos do público.
É notório o talento de Claudio Botelho (que faz a versão brasileira) e Charles Möeller (direção) para os musicais. Mas esta nova produção da dupla, além de herdar os vícios do original, acrescentou-lhe tom fácil de chanchada ou besteirol, que esvazia mais os conteúdos da trama.
Os atores se empenham bastante, mas poucos -como Sabrina Korgut- conseguem extrair de seus personagens algo mais que caricaturas. Os figurinos de Marcelo Pies são divertidos e vistosos; a cenografia gótico-americana de Rogério Falcão é o que há de mais memorável.

AS BRUXAS DE EASTWICK
QUANDO qui. e sex., às 21h, sáb., às 17h e 21h, dom., às 17h
ONDE Teatro Bradesco (r. Turiassu, 2.100, 3º piso; tel. 0/xx/11/3576-1923)
QUANTO R$ 10 a R$ 190
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO ruim


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