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Criadores estendem universo de "Lost"
Tecnologia digital e mistura de fantasia e realidade ajudam a estender série
Rotina de Damon Lindelof e Carlton Cuse inclui bolar campanhas promocionais, episódios para celular e livro de sobrevivente fictício
LORNE MANLY
DO "NEW YORK TIMES", EM BURBANK,
CALIFÓRNIA
Na manhã posterior à entrega dos prêmios Emmy deste
ano, em agosto, Damon Lindelof, 33, e Carlton Cuse, 47, os
homens que comandam "Lost",
produção da rede de TV ABC,
reuniram-se no escritório de
Cuse no estúdio da Disney, como de costume, e começaram a
mapear a estratégia para o dia
de trabalho que os aguardava.
Os dois tinham de cortar 22
minutos do episódio de estréia
da nova temporada, que foi ao
ar por lá na última quarta (leia
ao lado), ajudar os roteiristas a
encontrar o tom certo para o
episódio cinco, responder a telefonemas do estúdio e escalar
um ator secundário. Também
precisavam revisar diálogos do
terceiro episódio com o diretor
e escrever o sexto episódio.
Todas as tarefas se relacionam à produção da série, um
drama ambíguo sobre os sobreviventes de uma queda de avião
em algum lugar do Pacífico Sul.
Mas são só parte das responsabilidades cada vez maiores que
os dois agora precisam assumir.
Supervisionar os subprodutos do programa ocupa cada vez
mais o tempo de Cuse e Lindelof. Não se trata só de licenciamento tradicional, de lancheiras ou pôsteres -as promoções
de "Lost" podem ser tão complicadas quanto o seriado. A
idéia é expandir a série usando
tecnologia digital e misturando
fantasia e realidade.
Existem, é claro, camisetas,
cartões, quebra-cabeças: todos
os produtos envolvem participação de Lindelof e Cuse, que
ainda escrevem 13 episódios
para veiculação em celulares e
ajudam a desenvolver um jogo
de videogame que incorporará
as cenas em flashback da série.
A dupla também desenvolveu a produção promocional
"The Lost Experience", patrocinada pela nebulosa Hanso
Foundation. O comercial instruía os espectadores a seguir
pistas do site da Hanso. A brincadeira se tornou realidade numa convenção de quadrinhos,
interrompida por um manifestante que denunciou a falsa
fundação -na verdade, um ator
contratado por Lindelof e Cuse.
Pirâmide
"Lost" tem um elenco com
cerca de uma dúzia de personagens principais, uma equipe
técnica e de produção com
mais de 500 pessoas e um orçamento anual de mais de US$ 65
milhões. Os dois dirigentes estão no topo dessa pirâmide.
Na última semana de agosto,
Lindelof e Cuse foram a uma
reunião na sede da ABC, que
começou no ano passado a disponibilizar episódios de "Lost"
no site um dia após sua veiculação na TV. Eles pensavam em
como convencer os internautas
a estender a visita. Lindelof sugeriu criar um guru que respondesse às perguntas dos internautas, fazendo da ABC.com
o lugar onde obter respostas e
procurar pistas. Cuse apoiou.
Mais tarde, no escritório do
supervisor de desenvolvimento
de negócios da ABC Entertainment e da Touchstone Television (outra subsidiária da Disney), Cuse soube de desdobramentos que lhe irritaram. No
segundo trimestre, a Touchstone, por insistência de Cuse e
Lindelof, fechou acordo com
sindicatos de Hollywood para
que os atores pudessem trabalhar em episódios para celulares. Foi o primeiro grande estúdio a fazê-lo. Mas nem todos os
nomes de "Lost" haviam assinado seus contratos. "Eles parecem pensar que ganharão
milhões, e isso não vai acontecer", disse Barry Jossen, vice-presidente executivo de produção da Touchstone Television.
Romance
A ABC encomendou versões
em livro de "Lost". Lindelof leu
um deles e pensou: "Isso é horrível". Resolveu, com Cuse, desenvolver o romance "Bad
Twin", de um tal Gary Troup. O
fictício Troup sobreviveu à
queda do avião, mas foi sugado
para dentro de uma turbina a
jato, não sem antes enviar ao
seu editor um manuscrito. O livro oferece pistas para atrair os
fanáticos de "Lost". "Bad Twin"
aparece duas vezes na série, depois que um personagem encontra o manuscrito em meio
aos destroços. Isso bastou para
que o livro (ed. Hyperion) chegasse à lista de best-sellers do
"New York Times".
Sucessos como esse aumentam a pressão para que se crie
ainda mais. Lindelof se preocupa com que a atenção aos projetos extracurriculares os faça
negligenciar sua responsabilidade primária. Embora não pare de propor idéias, a dupla tenta manter uma coisa em mente:
"Se a série for ruim", diz Cuse,
"nada disso tem valor".
Tradução PAULO MIGLIACCI
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