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Crítica
Minelli filma o estranhamento conjugal
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Não há muito mistério naquilo que "Teu Nome É Mulher" (TCM, 16h30) propõe em
princípio: uma comédia romântica sobre pessoas que se
conhecem vagamente, em viagem, sendo que um deles, o jornalista Gregory Peck, está em
estado quase comatoso de tanto que andou bebendo.
Seja como for, ele e Lauren
Bacall se casam. E demora até
que percebam quem são. Ele é
um jornalista de esportes. Um
grosso, em suma. Ela, uma designer de moda. Uma garota sofisticada, enfim.
Este filme de Vincente Minnelli traz ecos do que no passado havia constituído a glória da
dupla Spencer Tracy/Katharine Hepburn (num deles, Tracy
é jornalista esportivo, precisamente). Mas há diferenças significativas. Hepburn, sobretudo, era uma virtuose, dominava
os papéis que lhe cabiam, fazia
com que se adaptassem a ela.
Bacall nunca teve tais dotes.
Assimilava seus papéis. E o de
designer lhe cai bem: condiz
com a figura sofisticada que sabia compor, sem exigir-lhe profundidade demais. E Gregory
Peck tinha um jeito selvagem,
de maneira que podia muito
bem fazer um brucutu sem que
sua imagem saísse arranhada.
Nas velhas comédias de
Tracy/Hepburn, tudo, no fim
das contas, desembocava em
um mundo risonho. Nos anos
50, nas mãos de Minnelli, não é
isso que acontece: é o estranhamento, são as dores conjugais,
as distâncias irreconciliáveis da
-apesar de tudo- união que
saltam aos olhos.
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