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"Não sentiremos saudade de Frateschi"
Afirmação sobre demissionário da Funarte é de Odilon Wagner, da Associação de Produtores Teatrais Independentes; opinião não é unânime
Já a vice-presidente de associação de produtores do Rio diz que o problema está no orçamento da Funarte, e não em seu ex-presidente
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
CAIO JOBIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
As reações ao anúncio da saída de Celso Frateschi da presidência da Funarte, anteontem,
variaram do alívio ao pesar. Ele
deixou a presidência da fundação após a publicação de reportagem em "O Globo" sobre suposto favorecimento da instituição à Ágora, companhia de
teatro que Frateschi fundou.
O presidente da Associação
dos Produtores Teatrais Independentes, Odilon Wagner,
disse que a instituição que representa "não sentirá saudades" do demissionário:
"Estamos aliviados com a
saída dele. A gestão foi caótica,
caracterizada pelo autoritarismo e pela falta de diálogo. Tudo
o que ele é bom como artista ele
não é como gestor. Vínhamos
mostrando há tempos a dificuldade de acesso aos mecanismos
que a Funarte disponibiliza".
A produtora teatral carioca
Andréa Alves avalia que "faltou
uma proximidade maior [de
Frateschi] com os segmentos".
"Houve conversa, mas sem
continuidade. Não vimos resultados práticos."
Para Bianca de Felippes, vice-presidente da Associação
dos Produtores Teatrais do Rio
de Janeiro, "os problemas estruturais da Funarte e do Ministério da Cultura são grandes" e não podem ser atribuídos a uma só gestão:
"Tenho muita admiração pelo Celso. Sinto muitíssimo que
tenha transcorrido dessa maneira. A questão maior é a falta
de orçamento".
O diretor teatral Sérgio Carvalho, da paulista Cia. do Latão,
observou que "Frateschi pagou
o preço de se confrontar com a
inércia privatista que movia a
Funarte":
"De um lado, se indispôs com
o baixo clero do teatro comercial do Rio, que fazia da entidade o seu quintal. De outro lado,
não teve o apoio do movimento
de teatro de grupo, por despolitização deste".
Comemoração
Cerca de 70 funcionários da
Funarte comemoravam ontem
de manhã, na sede da fundação,
no centro do Rio, a saída de
Frateschi e do diretor-executivo, Pedro Braz.
A Asserte (Associação de Servidores da Funarte) acusa o
ator de autoritarismo e de descaracterizar projetos.
Antes uma caravana de artistas que viajava por cidades brasileiras, agora os espetáculos do
projeto Pixinguinha acontecem só dentro dos Estados com
dois artistas locais, e resultarão
na gravação de um CD com tiragem de mil cópias. Frateschi
justifica que a divulgação musical hoje não depende apenas de
shows e que o intento é fortalecer as cadeias produtivas locais.
O projeto Rede Nacional de
Artes Visuais, cujos participantes eram escolhidos por convites, agora adotou a seleção por
edital. Segundo Xico Chaves,
ex-coordenador de Artes Visuais da Funarte, o projeto pode não funcionar em seu novo
formato. "O convite partia de
um mapeamento feito pelos
críticos mais importantes de
cada região, a partir do qual a
gente via as necessidades para
depois desenvolver um conjunto de atividades específico", diz.
"Quando a gente abre o edital, a gente é autoritário?",
questiona Frateschi. "Se eu indicasse quem eu quero é que seria um contra-senso."
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