AUGUSTO GAZIR
de Buenos Aires

Os argentinos, vizinhos do Mercosul, começam a conhecer hoje a nova safra do cinema do Brasil. "A Ostra e o Vento", de Walter Lima Jr., estréia em cinco salas de Buenos Aires e é o primeiro filme brasileiro em seis anos a entrar no circuito comercial do país.
Os últimos filmes nacionais exibidos em cinemas argentinos foram "Lua de Cristal" e "Super Xuxa contra o Baixo Astral", em 1992. Os dois, estrelados por Xuxa, vieram impulsionados pela popularidade da apresentadora no país.
"Isso (a estréia de hoje) é uma casualidade. Há uma fronteira cultural invisível no Mercosul, que no cinema é impenetrável", disse Eduardo Antin, diretor da revista de cinema "El Amante".
O responsável pela exibição de "La Ostra y el Viento" (título em espanhol) na capital argentina é Rafael Cohen, da distribuidora Reco. Ele comprou os direitos no ano passado, em Londres.
Segundo o empresário, 90% dos filmes que passam na Argentina são distribuídos por uma associação de empresas da qual ele faz parte. Quase a maioria das obras de distribuição única é dos EUA.
"O filme de Lima Jr. estou lançando sozinho, em circuito alternativo. Preciso alcançar 40 mil espectadores para cobrir meu investimento, que somente em publicidade foi de US$ 100 mil. Não sei se vou conseguir", afirmou Cohen.
Para Monica Hirst, diretora da Fundação Centro de Estudos Brasileiros, em Buenos Aires, órgão ligado ao Itamaraty, "o muro na área de cinema entre Brasil e Argentina começa a cair".
O órgão dirigido por Hirst prepara para o primeiro semestre de 1999 uma semana do cinema brasileiro no cineclube Cosmos, um dos principais de Buenos Aires. Para este ano, vem organizando sessões de vídeo com obras brasileiras.



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