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Diretor enxerga cinema como um ato político
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes de ser cineasta, Karim
Aïnouz se dedicou às artes
plásticas. "Eu pintava, mas não
era talentoso para aquilo. E
achava completamente irrelevante politicamente: eu, trancado naquele lugar, pintando
umas coisinhas."
Desde que sua inquietação
coincidiu com leituras de Walter Benjamin e de outros teóricos da Escola de Frankfurt, Aïnouz não largou mais a idéia de
que o cinema é um ato político.
Segue com ela, "mesmo que
hoje seja meio antigo falar isso,
já que o cinema não significa
mais a mesma coisa que significava no meio do século 20".
Portanto não poderia deixar
de ter uma motivação de natureza política a idéia que lhe
ocorreu, há sete anos, de filmar
a trajetória do lendário Madame Satã. "Ele representa tudo o
que eu não via no Brasil -uma
ação política, uma disposição
de meter o pé na porta."
"A emergência do popular
como vencedor, e não como alguém vitimizado, é muito recente em nosso país", diz.
Aïnouz considera a hipótese
de que o público faça uma leitura do filme diversa da sua.
"Pode ser que "Madame Satã"
seja visto como um filme sobre
a família brasileira, porque ele
traz o núcleo clássico da família
brasileira -a mãe, o pai, a filha
e a empregada-, embora no
avesso do avesso", afirma.
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