São Paulo, sexta-feira, 08 de novembro de 2002

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Diretor enxerga cinema como um ato político

DA REPORTAGEM LOCAL

Antes de ser cineasta, Karim Aïnouz se dedicou às artes plásticas. "Eu pintava, mas não era talentoso para aquilo. E achava completamente irrelevante politicamente: eu, trancado naquele lugar, pintando umas coisinhas."
Desde que sua inquietação coincidiu com leituras de Walter Benjamin e de outros teóricos da Escola de Frankfurt, Aïnouz não largou mais a idéia de que o cinema é um ato político.
Segue com ela, "mesmo que hoje seja meio antigo falar isso, já que o cinema não significa mais a mesma coisa que significava no meio do século 20".
Portanto não poderia deixar de ter uma motivação de natureza política a idéia que lhe ocorreu, há sete anos, de filmar a trajetória do lendário Madame Satã. "Ele representa tudo o que eu não via no Brasil -uma ação política, uma disposição de meter o pé na porta."
"A emergência do popular como vencedor, e não como alguém vitimizado, é muito recente em nosso país", diz.
Aïnouz considera a hipótese de que o público faça uma leitura do filme diversa da sua.
"Pode ser que "Madame Satã" seja visto como um filme sobre a família brasileira, porque ele traz o núcleo clássico da família brasileira -a mãe, o pai, a filha e a empregada-, embora no avesso do avesso", afirma.


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