São Paulo, sexta-feira, 08 de novembro de 2002

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CINEMA/ESTRÉIA

"CASAMENTO GREGO"

Longa custou US$ 5 milhões e arrecadou 38 vezes mais

Sucesso inesperado de filme intriga Hollywood

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

No dia em que "Casamento Grego" estreou nos EUA, Nia Vardalos, sua então desconhecida atriz principal, estava fazendo um teste para ser a voz de um comercial de queijos pelo qual ganharia US$ 300, se aprovada.
O filme tinha custado US$ 5 milhões, o que o coloca entre as produções mais baratas de Hollywood, abriu em poucas salas e não teve nenhum dólar dedicado à publicidade -para ter uma idéia, "Homem Aranha", que custou US$ 139 milhões, teve US$ 50 milhões só para a divulgação.
Hoje, seis meses depois, "Casamento Grego" é o maior sucesso independente da história do cinema norte-americano, batendo "A Bruxa de Blair" e o que mais você pensar. Faturou inacreditáveis US$ 190 milhões em bilheteria até agora só nos EUA, a maior parte devido ao boca-a-boca de quem assistiu e recomendou.
Seu caso está sendo estudado por homens de marketing, estrategistas, acadêmicos e até psicólogos. Hollywood quer saber o que deu certo (para repetir) nesta comédia ligeira sobre uma menina feiosa de origem grega (Vardalos) que um dia conquista um bonitão norte-americano (John Corbett), para desespero de sua grande, ruidosa e engraçadíssima família.
E Nia Vardalos já prepara todo o pacote: a continuação, a série de TV baseada no filme, um musical na Broadway e até um livro de culinária e um jogo de tabuleiro. Hoje ela é parada nas ruas para dar autógrafo, já foi recebida pela rainha da Inglaterra e apresenta amanhã o programa humorístico "Saturday Night Live".
O problema: "Até agora, não vi um tostão", diz em entrevista por telefone à Folha. Segundo a atriz, cujo principal papel até então tinha sido uma ponta como advogada em "Curb Your Enthusiasm" (série cômica de Larry David, co-criador de "Seinfeld"), os contratos estão sendo renegociados e ela deve ganhar uma bolada; até agora, só recebeu os US$ 70 mil previstos originalmente.
Mas ela não reclama. "Antes, não conseguia ser atendida por ninguém, agora meu telefone não pára de tocar", diz Vardalos. Tudo começou quando ela montou em Los Angeles a peça na qual o filme foi baseado e pagou do próprio bolso um anúncio no jornal, que atraiu o casal de atores Tom Hanks-Rita Wilson à platéia.
Os dois têm uma produtora, que bancou o filme e fez questão de que ela ficasse com o papel principal, apesar de imposições do estúdio, que queria alguém mais "magra e estrelável, mas com um toque étnico".
"Um dia, toca o telefone de casa e alguém diz: "Nia, aqui é o Tom Hanks, queremos produzir seu filme e que você seja a atriz principal". Só ouvi até "queremos", joguei o telefone no chão e gritei: "Tom Hanks sabe meu nome!'", lembra ela, entre risos.
Agora, a atriz, que é filha de imigrantes gregos e baseia grande parte do filme em suas experiências, acaba de fechar contrato para seu próximo longa, "Connie and Carla Do L.A.", sobre duas mulheres que fogem da Máfia em Chicago. "É uma espécie de Thelma e Louise mais cômico", diz ela. "Não é inacreditável que tudo isso tenha acontecido?" É.


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