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CINEMA/ESTRÉIA
"CASAMENTO GREGO"
Longa custou US$ 5 milhões e arrecadou 38 vezes mais
Sucesso inesperado de filme intriga Hollywood
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
No dia em que "Casamento
Grego" estreou nos EUA, Nia
Vardalos, sua então desconhecida
atriz principal, estava fazendo um
teste para ser a voz de um comercial de queijos pelo qual ganharia
US$ 300, se aprovada.
O filme tinha custado US$ 5 milhões, o que o coloca entre as produções mais baratas de Hollywood, abriu em poucas salas e
não teve nenhum dólar dedicado
à publicidade -para ter uma
idéia, "Homem Aranha", que custou US$ 139 milhões, teve US$ 50
milhões só para a divulgação.
Hoje, seis meses depois, "Casamento Grego" é o maior sucesso
independente da história do cinema norte-americano, batendo "A
Bruxa de Blair" e o que mais você
pensar. Faturou inacreditáveis
US$ 190 milhões em bilheteria até
agora só nos EUA, a maior parte
devido ao boca-a-boca de quem
assistiu e recomendou.
Seu caso está sendo estudado
por homens de marketing, estrategistas, acadêmicos e até psicólogos. Hollywood quer saber o que
deu certo (para repetir) nesta comédia ligeira sobre uma menina
feiosa de origem grega (Vardalos)
que um dia conquista um bonitão
norte-americano (John Corbett),
para desespero de sua grande, ruidosa e engraçadíssima família.
E Nia Vardalos já prepara todo
o pacote: a continuação, a série de
TV baseada no filme, um musical
na Broadway e até um livro de culinária e um jogo de tabuleiro.
Hoje ela é parada nas ruas para
dar autógrafo, já foi recebida pela
rainha da Inglaterra e apresenta
amanhã o programa humorístico
"Saturday Night Live".
O problema: "Até agora, não vi
um tostão", diz em entrevista por
telefone à Folha. Segundo a atriz,
cujo principal papel até então tinha sido uma ponta como advogada em "Curb Your Enthusiasm" (série cômica de Larry David, co-criador de "Seinfeld"), os
contratos estão sendo renegociados e ela deve ganhar uma bolada;
até agora, só recebeu os US$ 70
mil previstos originalmente.
Mas ela não reclama. "Antes,
não conseguia ser atendida por
ninguém, agora meu telefone não
pára de tocar", diz Vardalos. Tudo começou quando ela montou
em Los Angeles a peça na qual o
filme foi baseado e pagou do próprio bolso um anúncio no jornal,
que atraiu o casal de atores Tom
Hanks-Rita Wilson à platéia.
Os dois têm uma produtora,
que bancou o filme e fez questão
de que ela ficasse com o papel
principal, apesar de imposições
do estúdio, que queria alguém
mais "magra e estrelável, mas
com um toque étnico".
"Um dia, toca o telefone de casa
e alguém diz: "Nia, aqui é o Tom
Hanks, queremos produzir seu
filme e que você seja a atriz principal". Só ouvi até "queremos", joguei o telefone no chão e gritei:
"Tom Hanks sabe meu nome!'",
lembra ela, entre risos.
Agora, a atriz, que é filha de imigrantes gregos e baseia grande
parte do filme em suas experiências, acaba de fechar contrato para seu próximo longa, "Connie
and Carla Do L.A.", sobre duas
mulheres que fogem da Máfia em
Chicago. "É uma espécie de Thelma e Louise mais cômico", diz ela.
"Não é inacreditável que tudo isso
tenha acontecido?" É.
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