São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2008

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vampiros 2.0

A autora americana Charlaine Harris, 56, chega às massas com série de livros vampirescos que combinam mistério e erotismo

Divulgação
Anna Paquin, no papel de Sookie, e Stephen Moyer, o Bill, na série 'True Blood', da HBO

RODOLFO LUCENA
EDITOR DE INFORMÁTICA

Loira, peituda, jovem e bronzeada, a garçonete Sookie Stackhouse é uma atração no Merlotte's. Apesar de atenciosa, é considerada meio tonta, pois costuma fazer a maior cara de não-tô-entendendo-nada para tentar fugir aos pensamentos libidinosos da clientela do bar. É que Sookie lê mentes.
Essa deficiência, como chama sua habilidade, a impede até de namorar em paz. Apesar dos hormônios em ebulição, ela escolheu o celibato para não ter de ficar "ouvindo" os pensamentos do parceiro o tempo todo. Até que conhece Bill Compton, cuja mente é um livro fechado para Sookie, uma página em branco, um momento de paz. Bill é um vampiro.
A aventureira dupla é o coração de uma série de livros que vêm freqüentando com grande destaque as listas de mais vendidos nos EUA. A saga vampiresca, que combina mistério, um toque dos truques da literatura policial e doses de erotismo, é uma criação da quase-sexagenária Charlaine Harris, que há mais de 25 anos milita no ramo da literatura de gênero, tendo finalmente chegado às massas com Sookie e seu par.
E chegou em grande estilo. No ranking publicado no dia 31 passado, sete títulos da série estavam na lista dos 20 mais vendidos nos EUA (ficção de massa, brochura), segundo o "The New York Times". O título inaugural, "Dead Until Dark", foi lançado no país em 2001, mas, neste ano, ganhou nova impressão, casada com a entrada no ar da série televisiva "True Blood", da HBO. Foi publicado no Brasil no ano passado (leia texto ao lado).
A novidade da série é que Harris traz seus vampiros para a vida cotidiana da humanidade. Graças a descobertas de cientistas japoneses, que desenvolveram sangue artificial que pode ser engarrafado e vendido em bares e supermercados, homens, mulheres e crianças já não fazem necessariamente parte do cardápio dos mortos-vivos, que podem assim se transformar em produtivos membros da sociedade.
Não que todo mundo goste deles. Há os antivampiros como também os que têm por eles verdadeira paixão fetichista, comprazendo-se em oferecer o pescoço às presas deles. E existem os caçadores de vampiros, bandidos que perseguem os mortos-vivos para drenar seu sangue, que é vendido como droga curativa e estimulante das capacidades sexuais.
Por seu lado, os vampiros, que parecem bastante satisfeitos com os novos arranjos socioeconômicos, não perderam suas históricas características. O sangue sintético, apesar de seus diversos sabores (A positivo, O negativo, AB e por aí vai), não tem o apelo do humano, ainda mais que sugar um pescocinho traz consigo um grau de erotismo que nem de longe desagrada aos mortos-vivos. Por sinal, eles são capazes, sim, de transar com homens e mulheres, mas não geram prole.
As contradições da nova sociedade produzem crimes, que afetam a tranqüilidade de vampiros emergentes. É onde entra Sookie Stackhouse, cujas habilidades telepáticas passam a ser usadas para investigar roubos, trapaças e assassinatos. Os títulos não são os mais criativos do mundo (a palavra "morto" está em todos), mas as histórias são construídas com humor e o texto é leve, o que torna a leitura fácil, divertida e fluente.


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