São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2008

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LIVROS

"Quem não gosta de escrever sobre imortais?"

Autora de saga comenta o que a atrai nos vampiros, "um símbolo sexual potente"

Em entrevista à Folha por e-mail, Charlaine Harris fala ainda sobre o que mudou em sua vida após o sucesso da série de Sookie Stackhouse


DO EDITOR DE INFORMÁTICA

Charlaine Harris é uma simpática senhora que vive com marido, três filhos e dois cachorros em uma propriedade no sul do Arkansas, onde diariamente trabalha em algum de seus projetos literários -isso, é claro, quando não está fora em viagens divulgando seus livros ou participando de eventos de literatura fantástica. Nascida em 1951 em Tunica, Mississippi, há mais de 25 anos ela tem livros publicados. Começou escrevendo histórias de fantasmas e, mais tarde, passou à literatura de mistério e suspense. Depois de um intervalo em que se dedicou às lides da maternidade, voltou à carga e criou uma série policial em que a heroína é uma bibliotecária. Produziu também uma série em que a estrela, Harper Connelly, tem a estranha capacidade de encontrar cadáveres... Mas seu grande sucesso é a saga vampiresca, tema desta entrevista exclusiva, realizada por e-mail.
(RODOLFO LUCENA)

 

FOLHA - Por que escrever sobre vampiros? O que neles a atrai?
CHARLAINE HARRIS
- Não é tanto que eu quisesse escrever sobre vampiros, mas sim sobre uma mulher que namorasse um vampiro. Escrever as histórias de Sookie foi muito interessante. E é bacana tratar de vampiros. Quem não gosta de escrever sobre criaturas imortais que nunca envelhecem?

FOLHA - E por que vampiros fazem tanto sucesso? Há outros livros sobre eles, séries de TV etc.
HARRIS
- Acho que todo mundo está procurando por algo diferente, fora de seu círculo corriqueiro. Todos gostariam que existisse alguma coisa inexplorada, desconhecida no mundo. Além disso, os vampiros são um símbolo sexual potente, porque a idéia geral é a de que, com todos aqueles anos de experiência, eles devem ser excelente amantes. Eles também são muito fortes fisicamente, o que por si só já é atraente.

FOLHA - O que considera seu toque pessoal nesse mundo vampiresco?
HARRIS
- Meus livros são divertidos, bem-humorados. Eu acredito que a forma bem contemporânea com que eu descrevo os personagens e o humor que coloco nas histórias tornem meus livros especiais.

FOLHA - Como você chegou às histórias de vampiros?
HARRIS
- Antes da série com Sookie Stackhouse, eu estava escrevendo livros convencionais de mistério, porque sempre gostei de ler esse tipo de história. Então eu pensei que talvez eu pudesse conquistar uma audiência mais ampla se eu abandonasse as regras das histórias convencionais de mistério e escrevesse um livro que derrubasse todas as regras. Também dei rédea solta ao meu senso de humor, e assim nasceu "Dead Until Dark".

FOLHA - Suas histórias de vampiro fazem mais sucesso do que seu trabalho anterior. Qual foi o impacto disso na sua vida?
HARRIS
- Obviamente, estou ganhando mais, e isso é muito bom. O sucesso realmente muda a maneira como as pessoas o tratam, mas meus amigos continuam sendo meus amigos, minha família continua sendo a coisa mais importante na minha vida, e eu continuo gostando muito de fazer o que faço. Fico impressionada ao ver como as pessoas levam minhas opiniões a sério!

FOLHA - Como você se sente tendo tantos livros ao mesmo tempo na lista dos mais vendidos do "New York Times"?
HARRIS
- Pode parecer estranho, mas eu não dou muita bola para isso. Isso nunca esteve na minha lista pessoal de desejos. Há outros aspectos do sucesso de que eu gosto mais...

FOLHA - Seus livros estão na lista de ficção para as massas, e não no ranking de ficção, que inclui títulos considerados de literatura "séria"? Você acredita que exista uma literatura "séria", em oposição a uma "não-séria"?
HARRIS
- Sou uma escritora de histórias de gênero, não pretendo ser nada além disso. Tenho muito orgulho de escrever livros de mistério e de ficção científica e não tenho nenhum controle sobre a categorização de meu trabalho ou sobre como as pessoas o vêem -sério ou não-sério. Não dou bola.

FOLHA - Como é a sua rotina de trabalho? E a sua vida familiar?
HARRIS
- Eu escrevo diariamente, sozinha, das oito da manhã até o meio-dia e, depois do almoço, até por volta das 15h. Eu nunca tive auxiliares, mas agora estou pensando em contratar uma secretária pessoal, apesar de que isso pode vir a tirar o pouco de privacidade que eu ainda tenho.
Moro com meu marido, meus filhos e meus cachorros Rock e Oscar. Infelizmente, o nosso ganso, Spigot, desapareceu um dia desses -o assassino deve ter sido uma raposa ou um coiote. Meu filho do meio, que acaba de sair do Exército, escreve de vez em quando. O mais velho trabalha na área de informática, e a nossa filha ainda está no segundo grau.


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