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LIVROS
"Quem não gosta de escrever sobre imortais?"
Autora de saga comenta o que a atrai nos vampiros, "um símbolo sexual potente"
Em entrevista à Folha por
e-mail, Charlaine Harris fala ainda sobre o que mudou em sua vida após o sucesso da série de Sookie Stackhouse
DO EDITOR DE INFORMÁTICA
Charlaine Harris é uma simpática senhora que vive com
marido, três filhos e dois cachorros em uma propriedade
no sul do Arkansas, onde diariamente trabalha em algum de
seus projetos literários -isso, é
claro, quando não está fora em
viagens divulgando seus livros
ou participando de eventos de
literatura fantástica.
Nascida em 1951 em Tunica,
Mississippi, há mais de 25 anos
ela tem livros publicados. Começou escrevendo histórias de
fantasmas e, mais tarde, passou
à literatura de mistério e suspense. Depois de um intervalo
em que se dedicou às lides da
maternidade, voltou à carga e
criou uma série policial em que
a heroína é uma bibliotecária.
Produziu também uma série
em que a estrela, Harper Connelly, tem a estranha capacidade de encontrar cadáveres...
Mas seu grande sucesso é a
saga vampiresca, tema desta
entrevista exclusiva, realizada
por e-mail.
(RODOLFO LUCENA)
FOLHA - Por que escrever sobre
vampiros? O que neles a atrai?
CHARLAINE HARRIS - Não é tanto
que eu quisesse escrever sobre
vampiros, mas sim sobre uma
mulher que namorasse um
vampiro. Escrever as histórias
de Sookie foi muito interessante. E é bacana tratar de vampiros. Quem não gosta de escrever sobre criaturas imortais
que nunca envelhecem?
FOLHA - E por que vampiros fazem
tanto sucesso? Há outros livros sobre eles, séries de TV etc.
HARRIS - Acho que todo mundo
está procurando por algo diferente, fora de seu círculo corriqueiro. Todos gostariam que
existisse alguma coisa inexplorada, desconhecida no mundo.
Além disso, os vampiros são um
símbolo sexual potente, porque
a idéia geral é a de que, com todos aqueles anos de experiência, eles devem ser excelente
amantes. Eles também são
muito fortes fisicamente, o que
por si só já é atraente.
FOLHA - O que considera seu toque
pessoal nesse mundo vampiresco?
HARRIS - Meus livros são divertidos, bem-humorados. Eu
acredito que a forma bem contemporânea com que eu descrevo os personagens e o humor que coloco nas histórias
tornem meus livros especiais.
FOLHA - Como você chegou às histórias de vampiros?
HARRIS - Antes da série com
Sookie Stackhouse, eu estava
escrevendo livros convencionais de mistério, porque sempre gostei de ler esse tipo de
história. Então eu pensei que
talvez eu pudesse conquistar
uma audiência mais ampla se
eu abandonasse as regras das
histórias convencionais de mistério e escrevesse um livro que
derrubasse todas as regras.
Também dei rédea solta ao
meu senso de humor, e assim
nasceu "Dead Until Dark".
FOLHA - Suas histórias de vampiro
fazem mais sucesso do que seu trabalho anterior. Qual foi o impacto
disso na sua vida?
HARRIS - Obviamente, estou ganhando mais, e isso é muito
bom. O sucesso realmente muda a maneira como as pessoas o
tratam, mas meus amigos continuam sendo meus amigos,
minha família continua sendo a
coisa mais importante na minha vida, e eu continuo gostando muito de fazer o que faço. Fico impressionada ao ver como
as pessoas levam minhas opiniões a sério!
FOLHA - Como você se sente tendo
tantos livros ao mesmo tempo na
lista dos mais vendidos do "New
York Times"?
HARRIS - Pode parecer estranho, mas eu não dou muita bola
para isso. Isso nunca esteve na
minha lista pessoal de desejos.
Há outros aspectos do sucesso
de que eu gosto mais...
FOLHA - Seus livros estão na lista
de ficção para as massas, e não no
ranking de ficção, que inclui títulos
considerados de literatura "séria"?
Você acredita que exista uma literatura "séria", em oposição a uma
"não-séria"?
HARRIS - Sou uma escritora de
histórias de gênero, não pretendo ser nada além disso. Tenho muito orgulho de escrever
livros de mistério e de ficção
científica e não tenho nenhum
controle sobre a categorização
de meu trabalho ou sobre como
as pessoas o vêem -sério ou
não-sério. Não dou bola.
FOLHA - Como é a sua rotina de trabalho? E a sua vida familiar?
HARRIS - Eu escrevo diariamente, sozinha, das oito da manhã até o meio-dia e, depois do
almoço, até por volta das 15h.
Eu nunca tive auxiliares, mas
agora estou pensando em contratar uma secretária pessoal,
apesar de que isso pode vir a tirar o pouco de privacidade que
eu ainda tenho.
Moro com meu marido,
meus filhos e meus cachorros
Rock e Oscar. Infelizmente, o
nosso ganso, Spigot, desapareceu um dia desses -o assassino
deve ter sido uma raposa ou um
coiote. Meu filho do meio, que
acaba de sair do Exército, escreve de vez em quando. O mais
velho trabalha na área de informática, e a nossa filha ainda está no segundo grau.
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