São Paulo, terça-feira, 08 de novembro de 2011

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Artista expõe em Londres intimidade de solitários

Laurel Nakadate filmou encontros com homens e mulheres desconhecidos

Americana selecionava as pessoas em postos de gasolina; vídeos mostram personagens barrigudos e seminus

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Uma jovem procura homens de meia-idade, feios, em postos de gasolina ou em paradas de caminhoneiros.
Vai com eles para casa. Às vezes ficam seminus e dançam. Tudo registrado por uma câmera.
Não se trata do roteiro de um filme pornô brasileiro dos anos 1970, mas do material da primeira exposição individual da americana Laurel Nakadate no Reino Unido.
Laurel tem 35 anos, nasceu no Texas, foi criada em Iowa, estudou na prestigiosa Universidade Yale e hoje vive em Nova York.
Ela diz que teve a ideia dos vídeos quando um estranho começou a conversar com ela num estacionamento e lhe deu seu telefone.
Primeiro, assustou-se. Depois decidiu dizer ao homem que era uma artista e que topava sair se pudesse filmar tudo para o seu trabalho.
Esse primeiro encontro não progrediu; a ideia, sim. E Laurel começou, então, a tomar a iniciativa.
Na Zabludowicz Collection, galeria no norte de Londres, ela mostra 11 vídeos até o dia 11/12. Não há nenhuma cena de sexo, e ela garante que nunca transou com nenhum dos protagonistas.
São conversas e principalmente danças, com a artista tentando que barrigudos desajeitados a acompanhem ao som de, por exemplo, "Oops!... I Did It Again", de Britney Spears.

STRIPTEASE
Em um dos vídeos, batizado de "Good Morning, Sunshine", ela abandona os homens, mas não os estranhos. Mostra jovens que fingem estar acordando.
Laurel faz as garotas se despirem enquanto fala: "Seu corpo é lindo", "Você é linda", "Deixe-me ver seu pé", "Tire a calça".
Laurel diz que o vídeo foi uma forma de ironizar os sites em que homens pagam para acompanhar um striptease feminino.
Todos os vídeos expõem vidas solitárias e fazem pensar em como as pessoas aceitam se expor em troca de companhia, expectativa de sexo ou elogios simples.
Para a artista, são trágicos e hilários, uma forma de mostrar sua crença nos seres humanos. Caso contrário, diz ela, não se envolveria com pessoas estranhas.
A exposição mostra também o lado fotógrafa de Laurel. Num sala, há imagens gigantes de mulheres desconhecidas feitas no deserto do Arizona, nos EUA.
Em outra sala, o projeto "365 Days: A Catalogue of Tears" (365 dias: um catálogo de lágrimas), em que a artista volta para o centro de seu trabalho.
Durante todos os dias do ano passado ela se fotografou chorando. Às vezes de tristeza mesmo, às vezes apenas para cumprir seu compromisso.
De novo, um misto de trágico e hilário.


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