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Crítica/exposição/"MAM 60"
MAM revê 60 anos com mostra grandiosa
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
"MAM 60", que comemora os 60
anos do Museu
de Arte Moderna de São Paulo
(MAM), na Oca, é uma exposição imperdível. Com curadoria de Annateresa Fabris e
Luiz Camillo Osório, membros do conselho consultivo
do museu, está longe de ser
uma comemoração burocrática da efeméride da instituição.
Organizada em três pisos,
"MAM 60" tem início com um
relato sobre a constituição do
museu, em uma mescla de documentos e obras. Nesse segmento, algo que poderia ser
enfadonho revela-se precioso
documento histórico: um retrato da Guerra Fria, quando o
Museu de Arte Moderna de
Nova York esforçava-se em
criar vínculos com o Brasil.
Nesse primeiro andar, são
destaques as obras de alguns
artistas relevantes para a
constituição da arte moderna,
como George Grosz, Kurt
Schwitters e Alexander Calder. Tais trabalhos, hoje pertencentes ao MAC da USP, são
representativos da primeira
crise do museu, em 1963, quando seu criador, Ciccillo Matarazzo, transferiu a coleção do
MAM para a USP, além de sua
coleção pessoal e a de Yolanda
Guedes Penteado.
Essa crise representou o fim
da coleção moderna do museu,
reorganizado por vários intelectuais, entre eles o crítico
Mario Pedrosa. A mostra acerta
ao não valorizar esses poucos e
fracos trabalhos modernos do
acervo, mas justamente a fase
que começa a partir de então.
De forma delicada, o acervo
contemporâneo é apresentado
a partir de eixos nominados por
artistas com forte presença na
coleção, nos outros dois andares. A exceção é o primeiro núcleo, Nova Figuração, destacando produção nacional que
torna o pop uma tendência de
contestação ao regime militar,
ao contrário do pop americano.
A partir daí, a mostra desenvolve-se em núcleos como Lívio Abramo, que apresenta
uma rica constituição de gravadores como Antonio Henrique
Amaral, Roberto Magalhães e
Oswaldo Goeldi. Outro grupo
traz fotógrafos experimentais,
como Thomaz Farkas e Geraldo de Barros. Mais do que núcleos temáticos, os agrupamentos criam diálogos instigantes
como, por exemplo, apresentando, lado a lado, fotografias
conceituais de Carla Zacagnini
e outras mais voltadas à performance, de Lenora de Barros.
No último andar, dois percursos são criados, um tendo
por princípio o multimídia Flávio de Carvalho, e outro pelo
pintor Alfredo Volpi. Em cada
um, novos diálogos são sugeridos, e um dos mais significativos é a "Série Trágica. Minha
Mãe Morrendo" (1947), de Carvalho, próxima aos vidros estilhaçados de Iran do Espírito
Santo. O acervo do MAM tem
lacunas, mas a mostra revela
que é possível apresentá-lo de
forma grandiosa, ao propor novas formas de observá-lo.
MAM 60
Quando: de ter. a dom., das 10h às
18h; até 14/12
Onde: Oca (pq. Ibirapuera, portão 3,
tel. 0/xx/11/5083-0519; livre)
Quanto: entrada franca
Cotação: ótimo
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