São Paulo, quarta-feira, 08 de dezembro de 2010

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Série de Christian Cravo no Haiti capta instantes do vodu

Filho de Mario Cravo Neto, o fotógrafo acentua teatralidade das cenas; mostra tem 60 imagens no Tomie Ohtake, em SP

Trabalho realizado ao longo da última década registra a potência de festas religiosas em várias cidades da ilha

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Lado a lado, figuras em transe num ritual de vodu e um homem mascarado parecem personagens de uma só trama. Bocas tortas e olhos arregalados têm o mesmo peso que o disfarce que deixa ver só o branco dos olhos.
Na lama, o corpo de um homem agarrado às vísceras de um boi se transforma em relevo de bronze, pele metálica que se confunde com a superfície plástica da imagem.
Na série de fotografias que fez no Haiti, agora em mostra no Instituto Tomie Ohtake, Christian Cravo também parece indissociável da obra de seu pai, o artista Mario Cravo Neto, morto no ano passado.
Não falta frescor nos flagras da catarse religiosa do vodu, nem traços originais à obra, mas o filho, tal como o pai, persegue a mesma fusão de peles, transformando seus retratados em ícones. Personagens viram arquétipos de dor, êxtase, sofrimento, todos anônimos em convulsões estéticas que ilustram algo além do momento, para lá da realidade.
Cravo exalta a teatralidade das cenas. Estende a herança barroca das igrejas de Salvador à luz cavernosa dos interiores haitianos, destaca o contraste da pele negra com a água branca e faz tudo vibrar em saltos entre a miséria material e certa riqueza espiritual que tentou retratar.

CHRISTIAN CRAVO

QUANDO de ter. a dom., das 11h às 20h; até 30/1
ONDE Instituto Tomie Ohtake (av. Brig. Faria Lima, 201, tel. 0/xx/ 11/2245-1900)
QUANTO grátis


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