São Paulo, terça, 8 de dezembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ECOFESTIVAL - ANÁLISE
Atrações nacionais foram destaque

CARLOS CALADO
enviado especial a Paulo Afonso (BA)

Um animado forró em homenagem à cachoeira de Paulo Afonso -comandado por Hermeto Pascoal, Naná Vasconcelos, Aurinha e banda Rala-Coco, no meio do público- encerrou, já na madrugada de domingo, a primeira edição do Ecofestival.
Cerca de 4.000 pessoas participaram das três noites do evento, cujo palco foi erguido numa encosta do vale do rio São Francisco, na divisa dos Estados de Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas.
O cenário não poderia ser mais apropriado. Canhões de luzes coloridas iluminaram a cachoeira, literalmente criada à frente da platéia com a abertura das comportas da hidrelétrica de Paulo Afonso, ao final da noite. Fogos de artifício completaram o tom festivo.
O evento promete continuar. "Só não sabemos ainda se vamos fazê-lo no final de 1999 ou no início do ano 2000", disse à Folha a produtora Elizabeth Cayres.
"Esta edição serviu para colocar o evento de pé. O próximo passo será reforçar a estrutura de transporte e hospedagem da região, para que possamos viabilizar pacotes turísticos", avaliou a produtora.
Felizmente, os previsíveis problemas da infraestrutura local não chegaram a prejudicar o que se viu e ouviu no palco. O nível musical de todas as noites foi altíssimo.
Bem mais do que os convidados internacionais -o violinista francês Jean-Luc Ponty, o grupo sul-africano Ladysmith Black Mambazo e o quarteto vocal norte-americano Mighty Clouds of Joy-, atrações nacionais foram responsáveis pelos momentos de maior comunicação com o público.
Destaque do sábado, Ponty combinou temas de sua fase jazz-rock dos anos 80 com incursões mais recentes por ritmos africanos. Mostrou virtuosismo, mas nada de novo ou emocionante. Já os belos vocais do Ladysmith, na quinta-feira, soaram um tanto monótonos ao longo de um show com uma hora de duração.
Até por ser praticamente desconhecido no Brasil, o Mighty Clouds of Joy foi a maior surpresa do festival. Quem esperava um reverente concerto de gospel acabou deliciando-se com um dançante show de "soul music".
No mais, artistas e bandas de Pernambuco e Bahia alternaram-se ao oferecer os melhores momentos do evento.
Carismáticos, a cantora Margareth Menezes e Silvério Pessoa (vocalista do grupo Cascabulho) tiraram o fôlego da platéia. A baiana interpretou energéticas versões de canções de João Bosco, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Já a banda pernambucana exibiu uma vibrante seleção de maracatus, cocos e emboladas.
Envolventes também, o samba-reggae do bloco afro Ilê Aiyê, o reggae-soul do cantor Lazzo e o ecletismo do músico Antúlio Madureira embalaram a dança de boa parte da platéia. E, mesmo provocando mais estranhamento do que empatia, o mangue-bit do Mundo Livre S.A. também não deixou de brilhar. Em termos musicais, o Ecofestival já nasceu com pinta de evento de Primeiro Mundo.
²


O jornalista Carlos Calado viajou a convite da produção do Ecofestival.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.