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ECOFESTIVAL - ANÁLISE
Atrações nacionais foram destaque
CARLOS CALADO
enviado especial a Paulo Afonso (BA)
Um animado forró em homenagem à cachoeira de Paulo Afonso
-comandado por Hermeto Pascoal, Naná Vasconcelos, Aurinha e
banda Rala-Coco, no meio do público- encerrou, já na madrugada
de domingo, a primeira edição do
Ecofestival.
Cerca de 4.000 pessoas participaram das três noites do evento, cujo
palco foi erguido numa encosta do
vale do rio São Francisco, na divisa
dos Estados de Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas.
O cenário não poderia ser mais
apropriado. Canhões de luzes coloridas iluminaram a cachoeira, literalmente criada à frente da platéia com a abertura das comportas
da hidrelétrica de Paulo Afonso, ao
final da noite. Fogos de artifício
completaram o tom festivo.
O evento promete continuar. "Só
não sabemos ainda se vamos fazê-lo no final de 1999 ou no início do
ano 2000", disse à Folha a produtora Elizabeth Cayres.
"Esta edição serviu para colocar
o evento de pé. O próximo passo
será reforçar a estrutura de transporte e hospedagem da região, para que possamos viabilizar pacotes
turísticos", avaliou a produtora.
Felizmente, os previsíveis problemas da infraestrutura local não
chegaram a prejudicar o que se viu
e ouviu no palco. O nível musical
de todas as noites foi altíssimo.
Bem mais do que os convidados
internacionais -o violinista francês Jean-Luc Ponty, o grupo sul-africano Ladysmith Black Mambazo e o quarteto vocal norte-americano Mighty Clouds of Joy-, atrações nacionais foram responsáveis
pelos momentos de maior comunicação com o público.
Destaque do sábado, Ponty combinou temas de sua fase jazz-rock
dos anos 80 com incursões mais
recentes por ritmos africanos.
Mostrou virtuosismo, mas nada de
novo ou emocionante. Já os belos
vocais do Ladysmith, na quinta-feira, soaram um tanto monótonos
ao longo de um show com uma hora de duração.
Até por ser praticamente desconhecido no Brasil, o Mighty
Clouds of Joy foi a maior surpresa
do festival. Quem esperava um reverente concerto de gospel acabou
deliciando-se com um dançante
show de "soul music".
No mais, artistas e bandas de
Pernambuco e Bahia alternaram-se ao oferecer os melhores momentos do evento.
Carismáticos, a cantora Margareth Menezes e Silvério Pessoa (vocalista do grupo Cascabulho) tiraram o fôlego da platéia. A baiana
interpretou energéticas versões de
canções de João Bosco, Caetano
Veloso e Gilberto Gil. Já a banda
pernambucana exibiu uma vibrante seleção de maracatus, cocos
e emboladas.
Envolventes também, o samba-reggae do bloco afro Ilê Aiyê, o reggae-soul do cantor Lazzo e o ecletismo do músico Antúlio Madureira embalaram a dança de boa parte
da platéia. E, mesmo provocando
mais estranhamento do que empatia, o mangue-bit do Mundo Livre
S.A. também não deixou de brilhar. Em termos musicais, o Ecofestival já nasceu com pinta de
evento de Primeiro Mundo.
²
O jornalista
Carlos Calado viajou a convite da
produção do Ecofestival.
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