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Crítica/artes plásticas
Exposição lembra e subverte o minimalismo
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A obra do artista português José Pedro Croft,
em cartaz na Estação
Pinacoteca, realiza um profundo diálogo com a arte minimalista dos anos 60, já que ela se
apresenta geométrica, austera,
em geral monocromática e com
aparência abstrata, como algumas das obras características
dos norte-americanos Donald
Judd, Dan Flavin e Sol Le Witt.
Apesar de não gostarem de
ser rotulados como minimalistas, todos eles partilhavam das
marcas acima, produzindo
obras que, no plano da construção, abriram um novo campo à
escultura, que Judd preferia
chamar de "trabalho tridimensional", marcado pela racionalidade da forma e pelo fato de
serem anti-representativos.
Na Pinacoteca, Croft apresenta uma série que pode ser
vista como os trabalhos tridimensionais dos minimalistas,
mas que subverte o rigor formal e construtivo dos anos 60,
incorporando outra tendência
importante daquele período: a
experiência para o corpo.
Com curadoria de Moacir
dos Anjos, a exposição está dividida, de forma um tanto rígida, com trabalhos reunidos segundo seu suporte.
Espelhos e cubos
Na primeira sala, quatro esculturas em ferro realizadas de
1998 a 2001. Na segunda, trabalhos em papel -com exceção de
duas esculturas- produzidos
entre 1994 e 2005. E, na terceira, novamente trabalhos em
ferro, todos de 2005.
Formalmente, as obras são
construídas a partir de estruturas geométricas, mas sempre
há algo que relativiza o racionalismo tecnicista, como, na primeira sala, os espelhos. Eles incorporam não só o próprio espectador como o espaço ao redor, proporcionando novos
planos às próprias obras. Ou
então, outro caso do mesmo
grupo, um cubo de gesso que altera a estabilidade de outra dessas estruturas.
Já na sala central, com desenhos que se parecem com projetos de esculturas, compostos
por diversos planos, duas esculturas simples se sobressaem,
especialmente uma que, vista
por um lado, aparenta-se a um
quadrado que está derretendo.
Quando é observada por outro
ângulo, revela que é uma estrutura em madeira que sustenta o
plano concreto.
Finalmente, na última sala,
outra obra que aponta para a
desconstrução do minimalismo por Croft é uma estrutura
sextavada, aparentemente regular, mas que, por conta de espelhos e vidros alocados nos
ângulos, tornam o trabalho totalmente irregular, fazendo
com que a ambivalência constitua-se, afinal, como a linha poética da obra de Croft.
JOSÉ PEDRO CROFT
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, centro, SP, tel.
0/xx/11/3337-0185)
Quando: de ter. a dom., das 10h às
18h; até 25/2
Quanto: R$ 4, grátis aos sábados
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