São Paulo, terça-feira, 09 de janeiro de 2007

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Crítica/artes plásticas

Exposição lembra e subverte o minimalismo

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A obra do artista português José Pedro Croft, em cartaz na Estação Pinacoteca, realiza um profundo diálogo com a arte minimalista dos anos 60, já que ela se apresenta geométrica, austera, em geral monocromática e com aparência abstrata, como algumas das obras características dos norte-americanos Donald Judd, Dan Flavin e Sol Le Witt.
Apesar de não gostarem de ser rotulados como minimalistas, todos eles partilhavam das marcas acima, produzindo obras que, no plano da construção, abriram um novo campo à escultura, que Judd preferia chamar de "trabalho tridimensional", marcado pela racionalidade da forma e pelo fato de serem anti-representativos.
Na Pinacoteca, Croft apresenta uma série que pode ser vista como os trabalhos tridimensionais dos minimalistas, mas que subverte o rigor formal e construtivo dos anos 60, incorporando outra tendência importante daquele período: a experiência para o corpo.
Com curadoria de Moacir dos Anjos, a exposição está dividida, de forma um tanto rígida, com trabalhos reunidos segundo seu suporte.

Espelhos e cubos
Na primeira sala, quatro esculturas em ferro realizadas de 1998 a 2001. Na segunda, trabalhos em papel -com exceção de duas esculturas- produzidos entre 1994 e 2005. E, na terceira, novamente trabalhos em ferro, todos de 2005.
Formalmente, as obras são construídas a partir de estruturas geométricas, mas sempre há algo que relativiza o racionalismo tecnicista, como, na primeira sala, os espelhos. Eles incorporam não só o próprio espectador como o espaço ao redor, proporcionando novos planos às próprias obras. Ou então, outro caso do mesmo grupo, um cubo de gesso que altera a estabilidade de outra dessas estruturas.
Já na sala central, com desenhos que se parecem com projetos de esculturas, compostos por diversos planos, duas esculturas simples se sobressaem, especialmente uma que, vista por um lado, aparenta-se a um quadrado que está derretendo.
Quando é observada por outro ângulo, revela que é uma estrutura em madeira que sustenta o plano concreto.
Finalmente, na última sala, outra obra que aponta para a desconstrução do minimalismo por Croft é uma estrutura sextavada, aparentemente regular, mas que, por conta de espelhos e vidros alocados nos ângulos, tornam o trabalho totalmente irregular, fazendo com que a ambivalência constitua-se, afinal, como a linha poética da obra de Croft.


JOSÉ PEDRO CROFT    
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, centro, SP, tel. 0/xx/11/3337-0185)
Quando: de ter. a dom., das 10h às 18h; até 25/2
Quanto: R$ 4, grátis aos sábados


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