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Designer narra caça a baleias com fotos na web
Mosaico com 3.214 imagens mostra viagem ao Alasca, em maio, de Jonathan Harris
Premiado programador passou nove dias com esquimós para participar da caçada ao mamífero; as fotos são de Andrew Moore
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Chamai-me Jonathan", poderia ter começado o designer e
programador norte-americano
Jonathan Harris, citando a célebre abertura de "Moby Dick".
Pois, apesar de não ser um
Herman Melville, Harris usou
uma caça à baleia como gancho
para criar um projeto absolutamente inovador em termos de
narrativa para a internet.
"The Whale Hunt" (www.thewhalehunt.org) é o resultado de um projeto pessoal de
Harris, que investiu cerca de
R$ 10 mil e nove dias (cinco deles ao ar livre, no Oceano Ártico, a -30 C) de sua vida em
busca de uma história única sobre lugares pouco conhecidos
-e de uma maneira inovadora
de narrá-la.
"Estava buscando histórias
épicas, e elas são difíceis de
achar hoje em dia. A caça à baleia me parecia algo desse gênero", diz Harris à Folha, por
telefone, de seu escritório em
Nova York.
A busca por algo épico surgiu
da frustração com seu trabalho
cotidiano com a internet -isso
apesar de Harris ser extremamente bem-sucedido nele, tendo vencido dois Webby
Awards, o Oscar da rede, uma
bolsa no célebre centro de pesquisa da Benetton (a Fabrica) e
emplacado projetos importantes como a cápsula do tempo do
Yahoo! (em 2006).
"Andava frustrado com a internet recentemente, primeiro
porque não gosto de ficar em
frente a uma tela o tempo todo
e, depois, porque há muitas
partes do mundo que a rede
não alcança. Então tenho trabalhado em projetos que me tirem da internet e me levem a
essas comunidades, para contar sua história. O "Whale
Hunt" foi o primeiro deles."
Narrativa visual
Para o projeto, Harris partiu
para Barrow, no extremo norte
do Alasca, em maio de 2007, e
viveu durante nove dias com
uma família de esquimós, participando da tradicional caçada
ao gigantesco mamífero nas
águas do Ártico.
Sua idéia era registrar toda a
viagem com fotos tiradas (pelo
amigo e fotógrafo Andrew
Moore) em intervalos não
maiores do que cinco minutos,
inclusive enquanto a trupe dormia (com um disparador automático programado).
A maneira como o designer
dispôs as 3.214 fotos resultantes -do táxi para o aeroporto
de Newark (em NY) até a dilaceração da segunda baleia caçada, sete dias depois- é o grande
trunfo do site, algo difícil de
descrever em texto (as fotos
nesta página dão uma idéia da
experiência com a narrativa).
"Queria apresentar as imagens de modo a permitir às pessoas verem não apenas cada
momento mas a história toda.
Era importante que elas pudessem ir do nível geral ao específico rapidamente", explica.
Para isso, ele dispôs todas as
fotos em um belo mosaico navegável (ou, se o internauta
preferir, em uma linha do tempo ou uma roda, todas concentradas em uma única tela).
Pode-se entrar na história a
qualquer momento (cada foto
tem sua data e hora registrada)
e controlar seu fluxo, que é disposto na tela como um eletrocardiograma: as fotos vão aparecendo como no ritmo do coração, aumentando sua freqüência em momentos de alta
adrenalina (até um pico de 37
fotos em cinco minutos).
Namoro on-line
Harris é bastante ambicioso
em sua mistura de elementos
de computação, antropologia,
arte visual e narrativa. Como
ele afirma, sua tarefa é "criar
sistemas para explorar e explicar o mundo humano".
Seus projetos anteriores, tratando de coisas como as emoções (wefeelfine.org), o desejo (love-lines.org) e a linguagem (wordcount.org), já apresentam sua busca por inovações de design e narrativa.
O próximo trabalho de
Harris, no qual ele está em plena execução, é uma exposição
sobre relacionamentos on-line,
para o Museu de Arte Moderna
(MoMA) de Nova York -será
sua segunda exposição no museu; seu trabalho também já
apareceu no Centro Georges
Pompidou, em Paris.
"É um projeto grande, sobre
como as pessoas se expressam
em seus perfis de sites de namoros. Vai se chamar "I Want
You to Want Me" [eu quero que
você me queira] e será inaugurado em 24 de fevereiro."
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