São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2009

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Mamãe Jolie

No papel de uma mulher que tem o filho de 9 anos sequestrado na Los Angeles de 1928, a atriz estreia "A Troca", de Clint Eastwood, em meio a planos de ampliar a família e trabalhar menos

Matt Cardy - 2.jul.05/Getty Images
Angelina Jolie, mãe de seis filhos, com o adotivo Maddox, em 2005, quando ele tinha 3 anos

MARK HARRIS
DO "NEW YORK TIMES"

Angelina Jolie carrega muita bagagem.
Em outubro passado, quando chegou ao Festival de Cinema de Nova York para a première de "A Troca", o novo drama de Clint Eastwood que protagoniza (e que estreia hoje nos cinemas brasileiros), ela trouxe a tiracolo Brad Pitt e os filhos deles, Maddox, 7, e Pax, 5, suas filhas, Zahara, 4, e Shiloh, 2, e os gêmeos Knox e Vivienne.
Os oito tinham vindo de avião da Alemanha, onde se fixaram enquanto Pitt filmava a aventura de Quentin Tarantino ambientada na Segunda Guerra, "Inglorious Bastards".
"Estamos todos com um pouco de jet lag", disse ela, sem dar qualquer sinal de cansaço.
Carregar muita bagagem é algo que Jolie parece fazer com serenidade -como mãe. Como atriz, porém, ela sabe que isso pode ser um problema.
Aos 33, Jolie ocupa um lugar raro no ranking superior das estrelas de Hollywood. Não importa aonde vá ou o que faça, ela não pode escapar de suas várias identidades.
Se ela se irrita com a atenção, é inteligente demais para reclamar disso. Mas admite que a abundância de informações a seu respeito pode criar um dilema com efeitos negativos. Sua fama pode colocar em risco sua capacidade de fazer o público acreditar que ela é outra pessoa. Ou seja, desaparecer.
"Será que consigo? Espero que sim. Eu não me ofereceria para fazer um filme como "A Troca" se achasse que não conseguiria mergulhar as pessoas na história, devido a todas as maneiras como me enxergam."
Em "A Troca", na Los Angeles de 1928, Jolie faz o papel de Christine Collins, supervisora de mesa telefônica e mãe solteira cujo filho de 9 anos é sequestrado (a história tem origem numa série de assassinatos repulsivos que ficaram conhecidos como os "assassinatos do galinheiro em Wineville"). Cinco meses após o desaparecimento do garoto, o Departamento de Polícia de Los Angeles lhe entrega um menino que insiste que é seu filho, mas quando ela diz que não é, policiais do departamento tentam destruir sua vida.
Ela recorda o momento em que leu pela primeira vez o roteiro de "A Troca": "Falei -isto é maravilhoso, mas não vou fazer. Eu não queria voltar minha atenção para o fato de crianças serem sequestradas. Mas não conseguia me esquecer da personagem. Me vi contando a história a Brad e amigos meus".
"A Troca" chegou num momento especialmente doloroso para Jolie. Em janeiro de 2007, sua mãe, Marcheline Bertrand, morreu de câncer do ovário, aos 56 anos. "Ela era uma mulher muito gentil", disse ela.
"Era difícil para ela gritar. Mas, quando era preciso lutar por seus filhos, ela encontrava uma força que nem sempre percebia que tinha. E há uma parte de Christine que eu liguei a ela. Eu guardava fotos de minha mãe nas bolsinhas que a personagem carrega no filme."

Não tão sexy
"A Troca", um drama de grande estúdio em que Jolie precisou esconder a postura carregada de sexualidade que sempre a definiu, é mais um passo para fora de sua zona de conforto -e lhe valeu a indicação ao Globo de Ouro de melhor atriz dramática.
Mas embora ela discuta o filme com entusiasmo, fica claro que sua atenção não está voltada principalmente para o cinema. Ela prevê que, com o tempo, o trabalho de atriz passará a ter papel menor em sua vida.
Nos últimos meses, desde que os gêmeos nasceram, seus filhos mais velhos vêm tendo aulas em casa "e eles têm tido mamãe e papai com eles em todas as refeições, todos os dias".
Decidir aceitar um trabalho "é realmente difícil", diz ela.
"Quem vai estar na escola quando eu fizer o filme? Como vou ter certeza de que não vou ficar longe tempo demais?" Ela e Pitt não pretendem parar depois de seis filhos. "Sei que podemos parecer um pouco malucos tendo um depois do outro, mas a gente planeja, sim.
Há momentos em que olhamos para todo mundo em volta da mesa e parece louco, mas nossa família é a coisa mais bacana que já fizemos na vida."


Tradução de CLARA ALLAIN


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