VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Há três décadas a Broadway assistia ao musical "Company" (70), que rompeu com a convenção na roda do entretenimento pelo entretenimento no distrito de Nova York. Fugindo da história linear e introduzindo massa psicológica nos personagens, o primeiro grande sucesso do compositor norte-americano Stephen Sondheim ganha versão brasileira a partir de hoje, no Rio.
O projeto envolve o ator Cláudio Botelho e o diretor Charles Möeller, dupla que há mais de dez anos dedica-se ao gênero ("O Abre Alas", de 98, e "Cole Porter -°Ele Nunca Disse Que me Amava", premiada na temporada carioca de 2000, são os trabalhos mais recentes).
Reunião de 11 peças do dramaturgo americano George Furth, que está no Rio para conferir a estréia, "Company" é uma comédia musical sobre alegrias e dores -mais estas- do casamento. Robert (Botelho) é um solteirão cujos melhores amigos são cinco casais. No aniversário de 35 anos, ele revisita, no plano da memória, as relações em questão e seus próprios romances.
Segundo o diretor Möeller, 33, a montagem brasileira é caracterizada por "humor e leveza", em contraponto à versão original americana (dirigida por Harold Prince), que canalizava tudo para a discussão da vida a dois, e à inglesa (por Sam Mendes, em 96), cuja densidade ressaltava a solidão nos grandes centros urbanos.
"A gente quer falar de amigos que se amam e não podem viver separados, independentes da instituição do casamento", afirma Möeller. São 22 atores no cenário prateado, de dois andares, assinado pelo diretor. As letras foram traduzidas por Botelho. A produção é orçada em cerca de R$ 400 mil. O encenador Jorge Takla adquiriu os direitos e é co-produtor.