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COMENTÁRIO
Autor usou tempo da imaginação do leitor
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
É curioso que a obra de Will
Eisner desperte o interesse de
produtores do lado de lá da rua,
seja do teatro, da TV ou do cinema. Pois a verdade é que o criador
de "Spirit", chamado por alguns
de "o Orson Welles dos quadrinhos", nunca criou para outro
meio que não as HQs.
Apesar do estilo "cinematográfico" de suas histórias em quadrinhos, Eisner fazia questão de sublinhar que não estava simplesmente adaptando as técnicas de
enquadramento e iluminação do
cinema para um outro meio.
Pelo contrário, as histórias em
quadrinhos possuem uma linguagem própria, com uma relação espaço-tempo bastante específica,
em que o tempo só se realiza completamente pela imaginação do
leitor ao passar de um quadro para o outro da página.
"O espectador de um filme é impedido de ver o quadro seguinte
antes que o criador o permita,
porque esses quadros, impressos
no fotograma, são exibidos um
por vez. Assim, o filme, que é uma
extensão das tiras de quadrinhos,
tem absoluto controle sobre sua
leitura -vantagem de que o teatro também desfruta. Num teatro
fechado, o arco do proscênio e a
profundidade do palco formam
um único quadro, e a platéia, sentada numa posição fixa, vê a ação
contida nele", sintetizou o autor,
em "Quadrinhos e Arte Seqüencial", livro em que destrincha os
principais elementos da "gramática" das HQs.
Como transportar esses mesmos elementos da linguagem dos
quadrinhos para um outro meio é
o grande desafio que a onda de
adaptações cinematográficas nem
sempre tem conseguido e que o
teatro, agora mais uma vez, tenta
superar.
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