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Cinema/estréia
Mirren torna Elizabeth 2ª mais "real"
Veterana atriz britânica evita trejeitos óbvios e recria na tela uma soberana mais "humana" nos dias pós-morte de Diana
"Rainha do teatro britânico", Mirren, 61, consolidou imagem de mulher forte e sexualizada, que não diminuiu com a idade
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Não estranhe se, depois de
assistir a "A Rainha", que estréia hoje no Brasil, você começar a olhar de maneira diferente a soberana Elizabeth 2ª,
quando ela surgir na TV. É como se depois da ficção, ela se
tornasse mais "verdadeira",
humana, irritante, frágil até.
Esse é apenas um dos efeitos
que a impressionante atuação
de Helen Mirren, 61, no papel-título do filme de Stephen
Frears, causa nos espectadores.
Pelo papel, a atriz, "rainha do
teatro britânico" e uma das
principais do cinema inglês, já
levou 22 prêmios. Sua vitória
no Oscar, no próximo dia 25, é
dada como certa.
Mas por que sua atuação está
sendo tão badalada? Para citar
um exemplo, em determinada
altura do filme, vemos a impenetrável rainha saltando do
carro que atolou em um lago,
colocando os pés na água e pedindo ajuda ao celular.
Cenas como essa, que levam
o espectador a detalhes mundanos de uma figura que vive
reclusa nos palácios da monarquia, estão aos montes no filme, que mostra como a família
real e o primeiro-ministro
Tony Blair lidaram com a morte da princesa Diana, em 1997.
Talvez o esforço de Frears tivesse sido em vão, perdendo-se
na caricatura, não fosse o brilho
da atriz, que fugiu da tentação
simplista de imitar os trejeitos
corporais da personagem. Mirren dá a sua visão sobre um
símbolo que, de repente, se vê
perdido no tempo e no espaço.
Imagem sexy
Mais do que pelo fato de já ter
interpretado duas rainhas anteriormente -o papel-título da
série "Elizabeth 1ª" (2005) e a
rainha Charlotte, em "As Loucuras do Rei Jorge" (1994)-,
Mirren parecia a escolha natural para o papel devido ao currículo exemplar que vem cultivando desde sua estréia nos
palcos, em 1965, como Cleópatra -ela que depois integraria a
trupe de Peter Brook.
Mirren coleciona uma galeria de mulheres fortes -como a
chefe de polícia na série "Prime
Suspect" (iniciada em 1990)- e
com intensa sexualidade, algo
mais explícito no pornô-mainstream "Calígula" (1979) ou em
"Garotas do Calendário"
(2003). A idade não interferiu
na sua imagem de mulher sexy.
Recente reportagem do jornal inglês "The Guardian" faz
questão de enfatizar que Mirren topou dar a entrevista desde que o repórter fosse um homem. O texto lembra ainda
que, anos antes, a atriz havia dito que punha o despertador para tocar bem cedo, de modo que
transar com seu parceiro -o diretor Taylor Hackford- fosse a
primeira atividade do dia.
Sexo à parte, Mirren construiu seu personagem em "A
Rainha" tendo como base pesquisas em arquivo mas também
um encontro-relâmpago, de
quase 20 segundos, com Elizabeth 2ª, durante uma partida
de pólo. "Ela é charmosa e adorável", comentou a atriz. Qualidades que conseguiu transparecer em "A Rainha".
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