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MoMA prepara mostra sobre a cor
Curadora da exposição "Color Chart", Ann Temkin, fala sobre a relação que artistas como Andy Warhol têm com a paleta
Museu exibe obras de David Batchelor, Ellsworth Kelly e outros; para Temkin, trata-se de artistas que lidam com a cor de forma mais prática
DA REPORTAGEM LOCAL
Se David Batchelor sente medo do cinza que engole as cores
da arte contemporânea e cala
os gritos de quadros e instalações, o MoMA (Museu de Arte
Moderna de Nova York) vai na
contramão e monta em março
uma exposição sobre como artistas -do início do modernismo até os dias de hoje- mudaram sua relação com a paleta.
O museu vai reunir obras de
cerca de 40 artistas -entre eles
Andy Warhol, Damien Hirst,
Ellsworth Kelly, Frank Stella e
o próprio Batchelor- que renunciaram à alquimia das misturas e à pesquisa calculada para aceitar uma relação mais direta com as cores. No lugar dos
testes solitários em ateliês, eles
passaram a reproduzir nas
obras as cores da modernidade,
que saltavam de embalagens de
sopa, outdoors, néons e toda a
parafernália industrial.
"Esses artistas lidam com a
cor de forma muito mais prática. Não estão tentando ser sublimes, espirituais, emotivos.
Querem conectar a arte à sociedade", disse a curadora da mostra, Ann Temkin, à Folha, por
telefone, de Nova York.
O nome da exposição, "Color
Chart", é referência aos testes
de cores feitos pelos artistas,
dispondo os tons lado a lado
numa tira de papel ou tela de
computador. A obra da canadense Angela Bulloch, que participa da exposição, esmiúça a
idéia exibindo num monitor,
uma a uma, as 256 cores presentes nos pixels das imagens
digitais. "Ela explora o pixel como uma unidade de cor acidental", diz Temkin.
Cromofobia
Numa série de fotografias,
David Batchelor expande, no
MoMA, seu manifesto sobre a
cor -ou a ausência dela.
"Found Monochromes of London" são retratos de espaços
em branco na capital britânica,
que quebram a cor para mostrar um vazio silencioso: placas
apagadas, cartazes desbotados.
Embora tenha escolhido a
obra para a exposição, Temkin
argumenta, no entanto, que há
certo exagero na cromofobia
enxergada por Batchelor. "Há
muita cor na arte minimalista e
conceitual que ignoramos porque os críticos são mais cromofóbicos do que os artistas. Minha exposição é uma tentativa
de sanar esse erro histórico",
afirma a curadora.
Na pesquisa que fez para
montar a exposição, ela entrevistou o artista Jasper Johns e
investigou as colagens de Robert Rauschenberg. Descobriu,
no final, que todos os presentes
na mostra passaram a tratar
suas cores como produtos.
"O mundo mudou. Não temos mais como referência as
cores do arco-íris ou do pôr-do-sol, mas as cores sintéticas, industriais. A globalização tem
algo a ver com isso, e a arte feita
hoje não pode deixar de usar as
cores de hoje", avalia Temkin.
(SILAS MARTÍ)
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