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Crítica/"Hollywoodland - Bastidores da Fama"
Diretor se perde em clichê de detetive de filme noir e escala mal protagonista
CRÍTICO DA FOLHA
Antes de "Hollywoodland" existem os cartazes na porta dos cinemas: trata-se de belas evocações da era do cinema noir, como que sugerindo ser esse o
momento evocado pelo filme.
O espectador mais atento
perceberá que algo está errado,
no entanto, quando bater com
o nome de Adrien Brody como
ator principal. Com que então o
esquálido Brody ocupará o lugar de "tough guy" que já pertenceu a um Humphrey Bogart,
a um Jack Nicholson? Algo parece estar fora dos eixos.
Está mesmo. Brody faz o detetive Louis Simo. Ao final, até
haverá motivo para compreender porque o filme dirigido por
Allen Coulter serve-se de um
ator à primeira vista tão mal escalado. Isso pode redimir o
"casting", embora o conservadorismo da proposição beire o
insuportável (menos pelo conservadorismo do que pela platitude).
Louis Simo é, em todo caso,
um detetive que se recusa a ser
absorvido por agências. Quer
ser independente, o que lhe
custa caro. Para sobreviver precisa, no início, se entregar a malandragens bem escritas e mal
exploradas pela direção.
Isso até que explode o caso da
morte do ator George Reeves
(Ben Affleck), que interpretara
Superman em um seriado para
TV. Reeves é dado como suicida, mas sua mãe não se conforma. Simo aproveita da situação
para forçar a reabertura do caso, desenvolvendo a hipótese
de assassinato.
Trata-se, a partir daí, de investigar a vida de Reeves. Temos então outra boa sugestão
do roteiro: explorar a vida de
um ator de Poverty Row -dos
pequenos estúdios e das produções "Z".
Por algum motivo, no entanto -ou Ben Affleck foi contratado por poucos dias, ou Adrien
Brody por dias demais-, a ação
se concentra mais no detetive
do que na vida do ator, e mais
nos clichês a respeito dos detetives do que nas particularidades do caso em si.
Com isso, à medida em que
desenvolve o mistério em torno
de Reeves, sua vida, sua morte,
o filme, em vez de crescer, se
amesquinha, em vez de nos
abrir aos múltiplos sentidos
envolvidos -o mistério, Hollywood, o cinema, o outro lado do
cinema, o sucesso, o fracasso
etc.-, parece fazer morrer o interesse de cada um deles, pouco
a pouco, até que nada mais reste, a não ser o detetive Louis Simo e seus pouco apaixonantes
problemas.
Moral da história: no que diz
respeito a "Hollywoodland",
contemplar o cartaz é muito
mais interessante do que ver o
filme.
(IA)
HOLLYWOODLAND - BASTIDORES DA FAMA
Direção: Allen Coulter
Produção: EUA, 2006
Com: Adrien Brody, Ben Affleck e Diane Lane
Quando: a partir de hoje nos cines Bombril, Bristol e circuito
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