São Paulo, quarta-feira, 09 de março de 2011

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CRÍTICA ANIMAÇÃO

Citações e piadas "espertas" sufocam trama de "Rango"

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

Ninguém poderá acusar "Rango" de falta de originalidade. Dirigida por Gore Verbinski ("Piratas do Caribe"), a animação é uma homenagem aos velhos "western spaghettis" temperada com pitadas de humor surreal.
Na voz de Johnny Depp, seu protagonista é um camaleão de estimação que se perde no deserto. Ao chegar a uma vila de animais, ele finge ser um matador chamado Rango e ajuda os moradores a solucionar o problema de escassez de água.
Mais: Rango tem uma epifania ao encontrar em um campo de golfe o Espírito do Deserto.
A figura remete ao estranho sem nome interpretado por Clint Eastwood na "trilogia dos dólares" do diretor italiano Sergio Leone (1929-1989).
Com um ponto de partida inusitado, dezenas de referências cinematográficas e sequências barulhentas de tiroteio, o filme tem mais potencial para agradar adultos do que crianças -o que hoje, por si só, constitui uma ousadia mercadológica. Sem problemas de criatividade nem de qualidade técnica, o longa-metragem de Verbinski tem um problema de outra ordem.
É algo parecido ao que a psiquiatria moderna batizou como TDAH (Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade).
O filme enfileira tantas situações, tantas citações, tantas piadas "espertas" que não sobra tempo para criar qualquer tipo de ressonância emocional ou mesmo de empatia com os personagens (algo que, no reino da animação, a Pixar domina como ninguém).
Verbinski certamente viu muitos "western spaghettis" e aprendeu a brincar com seus principais clichês.
Mas não entendeu como desacelerar a ação pode ser essencial para produzir emoção -uma lição básica dos filmes de Sergio Leone.

RANGO
DIREÇÃO Gore Verbinski
PRODUÇÃO EUA, 2011
ONDE nos cines Anália Franco, Espaço Unibanco Pompeia e circuito
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO regular


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