São Paulo, quarta-feira, 09 de março de 2011

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Discurso de maestro surpreende músicos

Integrantes da Sinfônica Municipal não sabiam que regente convidado iria dizer que orquestra está sob censura

ROBERTO KAZ
IRINEU FRANCO PERPETUO
DE SÃO PAULO

Uma comissão de instrumentistas da Orquestra Sinfônica Municipal vai se reunir amanhã para tomar uma posição quanto ao protesto feito pelo maestro Marcelo Ghelfi durante uma apresentação do grupo, na última quinta feira.
Durante um concerto no Sesc Pinheiros, Ghelfi, regente convidado, pediu a palavra para declarar não poder "ficar calado ao ver o que esses músicos estão passando". "Eles estão proibidos de falar sobre a situação deles, são ameaçados e precisam em muitos casos se humilhar para manter os empregos."
O discurso foi recebido com ceticismo por parte dos músicos, por não terem sido consultados, e pela secretaria Municipal de Cultura, que, em nota, disse não haver "orientação da direção do Teatro Municipal de São Paulo para que os artistas do Municipal não discutam assuntos com a imprensa".
À Folha Ghelfi disse não ter indagado os músicos "justamente para que não sofressem retaliações". Ele encaminhou um dossiê de oito páginas ao prefeito Gilberto Kassab (DEM) com acusações contra a administração do Municipal, dirigido por Beatriz Franco do Amaral.
A diretora atribuiu o protesto de Ghelfi a problemas burocráticos quanto a pagamentos. "Ele enviou um e-mail, com cópia para mim, cobrando R$ 35 mil pelos arranjos musicais para orquestra. Mas isso requer um processo burocrático, que nunca foi feito. Não houve solicitação formal."
Amaral diz que não há censura. "Pelo contrário. Pela primeira vez, a escolha do regente-titular passou pelo crivo dos músicos. O Alex Klein [regente que pediu demissão em fevereiro] foi sugestão deles."
Em dezembro, a prefeitura encaminhou projeto de lei à Câmara para regularizar a situação salarial dos músicos do Municipal (hoje, 70% são terceirizados). O instrumentista Antônio Carlos de Mello Pereira, da comissão dos músicos, disse que eles "não são coitadinhos". "É um momento de alguma positividade na história da orquestra."


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