São Paulo, sexta-feira, 09 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POPLOAD

Onipresente, Morrissey ri à toa

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

A espera do desesperadamente aguardado álbum novo do ex-líder dos Smiths tem provocado uma divertida histeria, que tanto aponta para o futuro imediato (o disco novo em si) como desencava do passado uma morrisseymania inesgotável.
"You Are the Quarry", o primeiro disco do adorado cantor desde "Maladjusted", de 1997, está programado para chegar às lojas no dia 17 de maio próximo. O primeiro single, "Irish Blood, English Heart", que será lançado uma semana antes do CD cheio, já toca nas rádios inglesas e americanas e já vê seu mp3 circulando em alta velocidade de computador a computador.
A faixa que vai abrir o disco novo, "America Is Not the World", é uma homenagem de Morrissey ao país que escolheu viver no exílio do pop inglês. A letra diz que os EUA são "a land of opportunity in a just and truthful way/ and where the President is not black, female or gay" (uma terra de oportunidades única e verdadeira/ e onde o presidente não é negro, mulher ou gay). O bocudo ataca novamente.

Morrissey argentino
Na Argentina, uma música de 2002 volta à voga como saudação ao novo passo do bardo inglês. Considerado por ele mesmo a referência do pop argentino, o ambíguo cantor Leo García cunhou a canção "Morrissey" e botou a dita em seu disco, dois anos atrás. Pop rock chicano de louvor ao ícone dos que sofrem com e pela música, aos que se comunicam em língua portuguesa ela soa bem brega, mas a vida é assim mesmo. Trecho da letra de "Morrissey", composta no instante depois que García viu um show do homenageado em Buenos Aires, é assim:
"Sabrá tu novia que escuchamos Morrissey? Que me extrañas más de lo que ella te extraña? Sabrá tu novia que escuchamos Morrissey? Con quién estabas la vez que te llamábamos? (...) Ella escucha Björk, Bowie, Beck/ Ella repite la palabra DJ/ Ella escucha el disco que te regalé/ Pero sé que no sabe de Morrissey (...)/ Morrissey Morrissey Morrissey Morrissey Morrissey Morrissey". É daí para mais.

Mundo mudado
Os Smiths, de Morrissey, estão entre as 15 bandas que mudaram o mundo, dentre as 50 da lista publicada pela revista inglesa "Q", em sua edição de maio. A justificativa da "Q": antes dos Smiths, a música pop era artificial e de plástico. E um milhão de jovens desolados se trancavam no quarto para chorar. Depois dos Smiths, veio a renascença da música de guitarras. E um milhão de jovens desolados se trancavam no quarto para chorar ouvindo Smiths.

"Ele respondeu!!"
Um dos mais influentes veículos pop do planeta, o semanário britânico "New Musical Express" estampa Morrissey na capa na edição da semana que vem. O "NME" comemora, em letras maiúsculas: "SIM, ELE FINALMENTE RESPONDEU NOSSO CHAMADO!".
Sobre o novo disco, que vai sair em maio, Morrissey disse ao semanário que é o melhor trabalho de sua vida.
"Eu cheguei um dia à noite em casa e coloquei o disco para tocar. E me senti... fantástico", afirmou o cantor.
Morrissey ri à toa, na entrevista ao "NME", quando é mencionado que ótimas bandas novas e diversas como o punkoso Libertines e o pop-art Franz Ferdinand o declaram como uma enorme influência.

E-mail: lucio@uol.com.br



Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Teatro: Diretor defende a tragédia como antídoto à anestesia contemporânea
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.