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"SYLVIA"
Atriz fala da dificuldade de encarnar a trágica escritora no cinema durante o luto por seu pai, Bruce
Gwyneth Paltrow desce abismo de Sylvia Plath
DO ""EL PAÍS", EM LONDRES
Gwyneth Paltrow, 31, passou
por uma prova de fogo com
""Sylvia", o filme sobre a mítica
poeta Sylvia Plath. O projeto nasceu cercado de polêmica e da oposição da filha de Plath, a também
poeta Frieda Hughes, que negou à
diretora de "Sylvia", Christine
Jeffs, o direito de reprodução da
obra dela e de seu pai, o escritor
britânico Ted Hughes.
Tentando esquecer a confusão
de fundo, Paltrow se propôs a interpretar o papel principal, com
Daniel Craig no papel de Hughes.
Mas no outono de 2002, alguns
dias antes das filmagens, a premiada atriz perdeu seu pai, o produtor Bruce Paltrow, o que a mergulhou em depressão profunda.
A vida já voltou a sorrir para
Paltrow. Ela se casou com Chris
Martin, vocalista do Coldplay, e
está comemorando sua primeira
gravidez, cancelando até mesmo
os mais essenciais compromissos
profissionais. ""Não penso em trabalhar por muito tempo", afirma.
Pergunta - A morte de seu pai a
ajudou a se aproximar do papel?
Gwyneth Paltrow- Sim. Eu ainda
me sentia em carne viva. Não pude me proteger de Sylvia, o personagem. Foi uma experiência muito difícil, mas essa dificuldade toda me ensinou a não perder tempo. Encarei o papel de frente, da
maneira mais direta possível. Disse a mim mesma: ""Vou expor até
o fundo de minhas entranhas, não
vou esconder nada". Com a morte de meu pai, mudou a forma como enxergo o trabalho, para o
resto de minha vida.
Pergunta - Foi encontrada uma
explicação para o suicídio de Plath?
Paltrow- Houve muitos fatores.
Ela tinha uma idéia muito romântica do amor como algo duradouro. Falava de um buraco que se
abrira em seu interior, um buraco
com a forma de seu companheiro.
Ela se iludia, pensando que Hughes iria preencher esse buraco e
salvá-la de sua divisão interna.
Também sofria de depressão provocada por desequilíbrios químicos. Acho que ela se suicidou por
uma combinação dessas coisas.
Pergunta - Você acha que Frieda
Hughes tem razões para temer o
que denunciou como exploração
comercial do suicídio de sua mãe?
Paltrow- Frieda nunca leu o roteiro, e, embora eu tampouco tenha falado com ela, acho que o
que ela é contra é a idéia de explorar a história de sua mãe. Mas o
filme é muito equilibrado. Poderíamos ter retratado Hughes como um monstro e atribuído a ele a
culpa pelo suicídio, mas não estávamos interessados nisso.
Pergunta - Qual foi sua primeira
reação diante da montagem final?
Paltrow- Ela me causou uma impressão muito profunda. Sylvia
era maníaco-depressiva. Não era
capaz de controlar suas emoções,
mais fortes do que ela. De minha
parte, trabalhei duro e me entreguei completamente. Senti-me
emocionalmente desgastada ao
assistir ao filme, mas fiquei satisfeita com sua integridade. Christine não se distanciou da verdade
em nenhum momento.
Tradução Clara Allain
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