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Jornalista conta a história do funk brasileiro
DA SUCURSAL DO RIO
Por mais conhecido e respeitado que seja o rap social de MV
Bill, as margens do Rio têm um fenômeno bem mais popular: o
funk. Ou, talvez seja melhor dizer,
os funks, já que existem algumas
correntes no movimento.
Entre 2002 e 2004, o jornalista
Silvio Essinger entrevistou DJs,
MCs (mestres de cerimônias) e
empresários do ramo, freqüentou
os temidos bailes e escreveu "Batidão - Uma História do Funk", que
chega hoje às livrarias.
"O livro do Hermano Vianna
["O Mundo Funk Carioca'] é de
1988, um ano antes de surgir o
funk Brasil, que aparece com a
"Melô da Mulher Feia", do DJ
Marlboro. É quando passam a ser
feitas letras em português sobre o
[ritmo] Miami bass. Ainda não
havia um livro que contasse essa
história", explica Essinger, 35.
Ele começa o livro nos anos 70,
época dos pioneiros Ademir Lemos, Big Boy e Messiê Limá, para
mostrar como aqueles bailes funk
eternizaram o nome "funk" como
guarda-chuva para abrigar diversos sons tocados nas festas em
quadras de subúrbios e favelas cariocas. Hoje, há quatro correntes:
o funk erótico, das letras pornográficas, de Tati Quebra-Barraco e
MC Serginho; o romântico, derivado do funk Melody, de Latino e
Buchecha; o consciente, de Mr.
Catra e Duda do Borel; e os proibidões, que não tocam nas rádios
por exaltarem facções criminosas,
mas que fazem muito sucesso nos
bailes e nas jukeboxes das favelas.
"Os proibidões são uma lástima, porque deslocam o foco do
aspecto artístico para questões extramusicais. Mas a realidade é que
eles são cada vez mais populares",
diz Essinger, lembrando que MCs
que seguem essa linha só podem
tocar em favelas dominadas pela
facção criminosa que exaltam. Os
"bailes de corredor", diz, estão em
baixa. Foi nos anos 90 que as festas se tornaram terreno para "encontros de galeras", conflitos violentos entre gangues, freqüentemente encerrados com mortes.
Ele relata os casos de MCs que
perderam a fama e se tornaram
traficantes. É o seu lado repórter
que conta a história do funk, não
o de crítico. "[O funk] é uma forma de se expressar criativamente
dentro das possibilidades tecnológicas e do Rio de guerra em que
vivemos."
(LFV)
Batidão - Uma História do Funk
Autor: Silvio Essinger
Editora: Record
Quanto: R$ 43 (280 págs.)
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