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Juanes é acusado de ser o "braço musical" de Uribe
Cantor recebe críticas por apoio ao presidente da Colômbia; ele diz que vê problemas e coisas com as quais não concorda
Músico foi eleito pela revista americana "Time" como uma das cem pessoas mais influentes
do mundo por seu ativismo social no país
DA ENVIADA A MEDELLÍN
O ativismo social de Juanes
faz diferença num país como a
Colômbia. Por mais que o cantor lucre particularmente com
a imagem de benfeitor, é um fato reconhecido no país que a
Fundación Mi Sangre
(www.fundacionmisangre.org), fundada por ele há dois
anos, em Medellín, tem ajudado a minimizar os danos causados pelas cerca de 120 mil minas terrestres (estimativa da
própria fundação) que estão
hoje espalhadas pelo interior
do território pelas Farc e pelos
paramilitares.
Por conta dessa iniciativa, e
pelos concertos que realiza para chamar a atenção internacional para as questões colombianas, Juanes foi eleito pela
revista norte-americana "Time" como uma das cem pessoas mais influentes do mundo, em pesquisa realizada em
2005.
Entretanto há quem o critique pelo apoio aberto que dá ao
presidente direitista Álvaro
Uribe. A política de segurança
adotada pelo governante, que
diminuiu a violência nas grandes cidades, mas não está conseguindo resolver a questão do
narcotráfico, divide opiniões
na Colômbia. Para os mais críticos, Juanes não é nada mais
do que uma espécie de "braço
musical" do presidente.
No ano passado, o cantor
apresentou-se no Parlamento
Europeu, em Bruxelas, fazendo
campanha pelo fim das minas.
Em seguida, Uribe o nomeou
simbolicamente como embaixador da cultura do país no exterior. Que um se aproveite da
imagem pública do outro, parece claro.
Juanes, entretanto, diz que
não apóia integralmente o presidente. "Qualquer fundação
precisa do apoio do governo e
com a minha não é diferente.
Concordo com algumas coisas
que Uribe está fazendo, mas
vejo muitos problemas e muitas soluções que estão sendo
adotadas com as quais não concordo", disse o cantor à Folha.
"La Camisa Negra"
Curiosamente, foi fora da
Colômbia que Juanes enfrentou a maior saia justa com relação à política. O hit "La Camisa
Negra", de seu álbum mais recente, "Mi Sangre", foi hostilizado em pelo menos dois países.
Primeiro, na República Dominicana, onde o ministro da
Cultura considerou que a referência à cor negra era imoral.
Depois, num episódio mais grave, na Itália, a canção foi acusada de fazer alusão ao fascismo.
"Foram dois mal-entendidos. A
música tem a ver com sentimentos, não é uma canção política", explicou.
Em espanhol
Juanes não canta em inglês,
nem admite fazê-lo num futuro
próximo. Diz que a decisão é artística e não tem nada de política. "O espanhol é minha língua,
eu faço tudo nela. Se eu sonho
em espanhol, como posso cantar em outro idioma?"
Exceção será feita, entretanto, à amiga Nelly Furtado. A
cantora luso-canadense, com
quem Juanes gravou a faixa "Te
Busqué", em espanhol, no álbum "Loose", agora quer transpô-la para o português.
"Esse é um caso diferente.
Em português eu canto. É o tipo de projeto com o qual quero
me envolver. Já com relação ao
inglês, não vejo necessidade de
me expressar nessa língua."
(SYLVIA COLOMBO)
A jornalista SYLVIA COLOMBO viajou a convite
da Universal
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