|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mentor do punk, McLaren morre aos 64
Ex-empresário de bandas clássicas como Sex Pistols e New York Dolls, o britânico sofria de câncer havia vários anos
Com a estilista Vivienne Westwood, Malcolm McLaren ajudou a criar a estética do punk no
início dos anos 1970
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Trambiqueiro, cínico, provocador, dissimulado. Características que seriam tomadas como
insulto por muita gente, mas
não por Malcolm McLaren,
músico, empresário e agitador
cultural inglês, morto na manhã de ontem aos 64 anos.
Famoso por ter criado a estética punk que ajudou a popularizar os Sex Pistols e o próprio
punk nos anos 1970, McLaren
sofria havia anos de mesotelioma (câncer nas membranas
que revestem pulmão e abdômen). Estava na Suíça e seu
corpo seria levado à Inglaterra.
Nascido em Londres, Malcolm Robert Andrew Mclaren
estudou em várias escolas de
artes. Ainda adolescente, escreveu um manifesto para promover um filme (nunca lançado)
que era uma síntese do que viria a ser o espírito punk: "Seja
infantil, seja irresponsável, seja
desrespeitoso. Seja tudo o que
essa sociedade odeia".
Em 1971, ele e a então namorada, a estilista Vivienne Westwood, abriram a loja de roupas
Let it Rock. O casal teve um filho, Joseph Corré, proprietário
da marca de lingerie Agent Provocateur. Ontem, no dia da
morte do empresário, Westwood completou 69 anos.
Antes dos Sex Pistols, McLaren envolveu-se com outra
banda mítica. Em uma viagem
a Nova York, conheceu o New
York Dolls. Além de tocar negócios do NYD, ele desenhou roupas e cenário das apresentações ao vivo do grupo, que dissolveu-se em pouco tempo.
Ao voltar a Londres, mudou o
nome da loja para SEX. Ali,
McLaren afirmava em entrevistas, foi onde Johnny Lydon
fez seu primeiro teste para virar vocalista dos Sex Pistols.
O punk pode não ter nascido
em Londres, em 1975, com os
Sex Pistols (em Nova York, no
ano anterior, já havia os Ramones), mas foi com o quarteto
empresariado por McLaren
que o gênero realmente chegou
às massas -o single "God Save
the Queen" foi número 1 da parada britânica em 1977.
Após o fim dos Sex Pistols,
em 1979, McLaren empresariou bandas como Adam and
the Ants e Bow Wow Wow.
Lançou disco solo em 1983,
com influências africanas e do
hip hop. Hoje, o álbum "Duck
Rock" é reverenciado -a faixa
"Double Dutch" é bastante
sampleada. Em "Paris", disco
que saiu em 1994), fez parceria
com Catherine Deneuve (na
canção "Paris Paris").
McLaren produziu filmes como "Fast Food Nation" (2006),
anunciou candidatura à Prefeitura de Londres em 1999 e participou de reality show. Em
2006, disse: "De alguma forma,
continuo cool. Tento fazer com
que ideias aconteçam. Ideias
que podem mudar vidas".
Leia outros comentários e
ouça Paulo Ricardo sobre
McLaren
www.folha.com.br/100988
Texto Anterior: Artigo: Comédias francesas chegam ao Brasil, mas não fazem rir Próximo Texto: Análise: Era um oportunista nato e farsante genial Índice
|