São Paulo, sábado, 09 de abril de 2011

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O romancista da realidade

Emmanuel Carrère, que virá à Flip, usa recursos do romance em tramas verídicas

LENEIDE DUARTE-PLON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

O último livro do autor, cineasta e roteirista francês Emmanuel Carrère, 54, "Outras Vidas que Não a Minha", foi um extraordinário sucesso de crítica e de vendas em seu país em 2009.
O tsunami que ele presenciou no Sri Lanka, em 2004, é um dos panos de fundo do livro, que ele não chama de romance. Os protagonistas são reais: dois juízes engajados na defesa de humildes superendividados e atingidos por tragédias pessoais.
O autor e narrador está na história, mas não como personagem central, como em "Um Romance Russo".
Em julho, Carrère estará na Festa Literária Internacional de Paraty, em sua terceira viagem ao Brasil.
Além dele, a França será representada no evento por Claude Lanzmann e Michel Houellebecq, ganhador do prêmio Goncourt de 2010 por "O Mapa e o Território" -que será lançado no Brasil neste ano pela Record.

 


Folha - Michel Houellebecq também irá a Paraty. Você disse que fica "impressionado" "pela visão que ele tem do mundo, do momento de civilização que vivemos". Por que ele é interessante ?
Emmanuel Carrère
- Ele é realmente um dos maiores romancistas atuais. Tem uma grande capacidade de observação, um enorme talento romanesco, que é também o talento de fazer com que as pessoas queiram ler, virar a página, com uma verdadeira reflexão sobre o mundo atual.

Por que escreve romances?
Não escrevo romances. Os livros que faço não são romances há muitos anos. Escrevi o último em 1995.
Meus livros atualmente são escritos de forma romanesca, mas parte da definição de um romance é que seja uma história inventada.

Seriam uma mistura de reportagem e romance?
Há criação romanesca, mas não na forma de imaginação. O que é contado nos meus livros é verídico.
De fato, nas regras da reportagem ou do jornalismo, tem-se um contrato com o leitor que assegura que o que é narrado é verdadeiro. Por outro lado, a organização, a forma da narrativa, é absolutamente romanesca.
Tenho a impressão de utilizar todos os recursos do romance com um material que não é imaginário.


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