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CINEMA
Segundo episódio do novo "Star Wars" estréia dia 16 nos EUA
George Lucas contra-ataca
ADRIANE GRAU
FREE-LANCE PARA FOLHA, EM SAN FRANCISCO
O cineasta californiano George
Lucas, 57, recebeu nesta semana a
imprensa de todo o mundo em
seu império particular. O homem
que encanta platéias com a saga
de ficção científica iniciada por
"Guerra nas Estrelas", em 1977,
trabalha em sua fazenda de 2.600
acres em Marin County, ao norte
de San Francisco (EUA).
O rancho Skywalker, que era
uma antiga fazenda de leite, hoje
abriga prédios onde trabalham
250 pessoas. Entre as colinas cobertas de oliveiras, fica o escritório do diretor, que ainda mantém
um estúdio de edição e a maior biblioteca privada do mundo. Foi
nesses livros que buscou inspiração para fazer "Star Wars - Episódio 2: Ataque dos Clones", que estréia nos EUA em 16 de maio e
chega ao Brasil em 5 de julho.
Folha - Você escreveu a saga de
"Star Wars" há 25 anos. Como se
sente em realizar mais um episódio
sobre a luta pelo poder em outra
galáxia numa época tão conturbada politicamente aqui na Terra?
George Lucas - Os sistemas políticos que exploro são antigos e
históricos. Você pode encontrar
referências a Napoleão, Hitler e
imperadores romanos. Normalmente, a democracia é sacrificada
para que alguém possa governar.
Folha - Você teve de mudar algo
no roteiro devido a novos tempos?
Lucas - Não, a história é a mesma. O que muda é minha maneira
de contar a história e os detalhes.
Enquanto reescrevo, mudo coisas
aqui e ali para melhorar a experiência de quem vai ao cinema.
Mas os temas ficam intocados.
Folha - Parece que você foca mais
em discórdia dessa vez.
Lucas - É sobre o desencanto
com governos corruptos. Mas a
história não é só isso, tem algo
mais intricado. Nos três primeiros filmes, nada é o que parece.
Tudo está sendo manipulado. É
uma conspiração que acho que
nem todos enxergam ainda. Mas
no final vão entender.
Folha - Então o lado negro da força não tem a ver com corrupção?
Lucas - Os temas que permeiam
os filmes são medo e ganância.
São os elementos do lado negro.
Folha - E desapontamento?
Lucas - Desapontamento é o medo de ser desapontado e perder algo. O medo de perder é o que causa a ganância, numa tentativa de
prevenir que a perda aconteça.
Nesse universo em particular, o
medo é causa de todo o mal.
Folha - Você tem medo de quê?
Lucas - Do que todo mundo tem
medo. De perder pessoas que eu
amo. Sou tão medroso quanto outras pessoas, mas tento controlar
meus medos. Tenho mais medo
de perder quem amo do que perder a mim mesmo. Sou bem parecido com Anakin.
Folha - Seu império aqui é democrático?
Lucas - Nem um pouco [risos".
Não nego que você não possa ter
grandes ditaduras benevolentes.
O problema é a sucessão. A democracia tem esse problema também. O truque é ter pessoas com
compaixão que queiram o que seja melhor para a humanidade. O
difícil é encontrar essas pessoas.
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