São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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CINEMA

Segundo episódio do novo "Star Wars" estréia dia 16 nos EUA

George Lucas contra-ataca

ADRIANE GRAU
FREE-LANCE PARA FOLHA, EM SAN FRANCISCO

O cineasta californiano George Lucas, 57, recebeu nesta semana a imprensa de todo o mundo em seu império particular. O homem que encanta platéias com a saga de ficção científica iniciada por "Guerra nas Estrelas", em 1977, trabalha em sua fazenda de 2.600 acres em Marin County, ao norte de San Francisco (EUA).
O rancho Skywalker, que era uma antiga fazenda de leite, hoje abriga prédios onde trabalham 250 pessoas. Entre as colinas cobertas de oliveiras, fica o escritório do diretor, que ainda mantém um estúdio de edição e a maior biblioteca privada do mundo. Foi nesses livros que buscou inspiração para fazer "Star Wars - Episódio 2: Ataque dos Clones", que estréia nos EUA em 16 de maio e chega ao Brasil em 5 de julho.

Folha - Você escreveu a saga de "Star Wars" há 25 anos. Como se sente em realizar mais um episódio sobre a luta pelo poder em outra galáxia numa época tão conturbada politicamente aqui na Terra?
George Lucas -
Os sistemas políticos que exploro são antigos e históricos. Você pode encontrar referências a Napoleão, Hitler e imperadores romanos. Normalmente, a democracia é sacrificada para que alguém possa governar.

Folha - Você teve de mudar algo no roteiro devido a novos tempos?
Lucas -
Não, a história é a mesma. O que muda é minha maneira de contar a história e os detalhes. Enquanto reescrevo, mudo coisas aqui e ali para melhorar a experiência de quem vai ao cinema. Mas os temas ficam intocados.

Folha - Parece que você foca mais em discórdia dessa vez.
Lucas -
É sobre o desencanto com governos corruptos. Mas a história não é só isso, tem algo mais intricado. Nos três primeiros filmes, nada é o que parece. Tudo está sendo manipulado. É uma conspiração que acho que nem todos enxergam ainda. Mas no final vão entender.

Folha - Então o lado negro da força não tem a ver com corrupção?
Lucas -
Os temas que permeiam os filmes são medo e ganância. São os elementos do lado negro.

Folha - E desapontamento?
Lucas -
Desapontamento é o medo de ser desapontado e perder algo. O medo de perder é o que causa a ganância, numa tentativa de prevenir que a perda aconteça. Nesse universo em particular, o medo é causa de todo o mal.

Folha - Você tem medo de quê?
Lucas -
Do que todo mundo tem medo. De perder pessoas que eu amo. Sou tão medroso quanto outras pessoas, mas tento controlar meus medos. Tenho mais medo de perder quem amo do que perder a mim mesmo. Sou bem parecido com Anakin.

Folha - Seu império aqui é democrático?
Lucas -
Nem um pouco [risos". Não nego que você não possa ter grandes ditaduras benevolentes. O problema é a sucessão. A democracia tem esse problema também. O truque é ter pessoas com compaixão que queiram o que seja melhor para a humanidade. O difícil é encontrar essas pessoas.



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