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São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2003

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LITERATURA

Com sete partes, previstas para até 2006, tiragem ousada e chance de virar filme, "Angus" chega às livrarias

Brasileiro inventa fantasia épica medieval

Eduardo Knapp/Folha Imagem
O escritor Orlando Paes Filho,41, autor do livro "Angus", ao lado do personagem que concebeu


DA REPORTAGEM LOCAL

Quando começou a colocar no papel pela primeira vez as histórias do guerreiro celta Angus, que transbordavam de sua imaginação desde os 15 anos, Orlando Paes Filho, hoje com 41, não fazia idéia do épico que estava criando.
Depois de trabalhar como publicitário, piloto de helicóptero e representante dos personagens da Marvel no país, o autor paulistano, de fé católica, prepara agora a sua estréia na carreira literária: "Angus - o Primeiro Guerreiro". O primeiro de sete.
Sustentadas, até pelo menos o terceiro episódio, pelo braço jovem da editora Siciliano, o selo Arxjovem, as aventuras do clã de Angus MacLachlan devem ganhar as livrarias em uma saga semestral de sete partes previstas para serem lançadas até 2006. A tiragem inicial é não menos ousada para os parâmetros do mercado brasileiro: 20 mil exemplares.
"O momento é favorável. Depois da explosão do [filme] "Gladiador", em que você vê batalhas sendo reconstruídas e admiradas até por mulheres, os filmes épicos voltaram a se tornar clássicos", defende o autor. Mais que uma inspiração, no entanto, a empreitada cinematográfica de "Angus" é também uma meta muito clara na cabeça de Paes Filho, que desde o ano passado negocia os direitos da obra com dois grandes estúdios de Hollywood, Warner e MGM. "O livro foi avaliado como muito positivo por eles e aprovado em todas as reuniões, agora vão analisar o potencial da obra em diferentes países. Sinceramente, acho que acontece e, sinceramente, acho que demora."

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Mesmo sem que seu autor tenha jamais pisado a Grã Bretanha, a saga de Angus, que ao longo dos sete volumes deverá se estender por diversas gerações até o ano de 2020, tem seu epicentro na pequena cidade de Cait, hoje norte da Escócia. Em meados do século 9, envolvido por guerras bárbaras de poder e território, nasce o herói Angus MacLachlan, destinado a combater nas terras da Nortúmbria, Mércia, Cair Gloui e Wessex, nomes tão familiares, para um brasileiro comum, quanto os do rei Rhodri Mawr, do monge Nennius e do castelo de Dinefwr.
"Sinceramente não sei de onde tirei esse interesse, só que algumas imagens dessa história apareciam como um filme na minha cabeça. E, ainda adolescente, colocá-las para fora era quase um remédio para mim", lembra o autor, que só começou a se aprofundar nos aspectos propriamente históricos e geográficos da região há poucos anos, quando acertou a publicação da obra.
Para concluir a prova, Paes Filho foi então atrás de padres, para obter consultoria em arte sacra, especialistas em história medieval e mitologia nórdica. No meio do caminho, conta, investiu até o dinheiro de seu próprio apartamento. "Trabalhar sob o cabresto da história é muito difícil, principalmente numa região de conflitos muito duros como essa. É um limite muito tênue, se você erra em quilômetros uma fronteira ou um domínio você está ofendendo mortalmente um dos dois", afirma o escritor. "Por outro lado, acho que a história real é mais dramática que uma novela, viver é muito difícil, e resgatar esses valores é mostrar não só que tivemos coragem, mas que podemos vencer obstáculos tidos como invencíveis. Não acredito que exista ser humano de segunda, todos têm condições de serem heróis."
(DIEGO ASSIS)

ANGUS - O PRIMEIRO GUERREIRO. Autor: Orlando Paes Filho. Editora: Arxjovem. Preço: R$ 44 (392 págs.)


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