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"IMPÉRIO"
Roteiro consegue juntar falta de criatividade a uma falação vazia
Previsibilidade impera no filme
CRÍTICO DA FOLHA
Todos conhecem casos de diretores que tentam fazer o
melhor possível com roteiros medíocres. Nesta categoria se enquadra o "Império" de Franc Reyes.
São mais raros os casos em que
o escritor que provê o diretor com
um mau roteiro não é outro senão
o próprio diretor, e também nessa
categoria encontra-se "Império".
A história que Reyes escreve diz
respeito a Victor (John Leguizamo), gângster latino de Nova
York, setor drogas. É brutal como
de costume, mas inteligente o
bastante para dirigir seu pequeno
grupo e amealhar uma fortuna.
Por meio de sua namorada, entra em contato com Jack Wimmer, branco, investidor, bem posto na vida, que lhe oferece o negócio dos sonhos: ganharia um dinheirão limpamente (mas não escrupulosamente) e poderia oferecer à mulher e ao filho que vai nascer uma existência legal.
Quem já viu "O Poderoso Chefão" sabe que isso criará tensões
enormes na gangue. Quem já viu,
aliás, percebe logo muito do que
"Império" busca desenvolver.
À absoluta falta de originalidade, o roteiro de Franc Reyes acrescenta uma falação vazia e uma capacidade quase doentia de ser
previsível.
No entanto, o espectador não
deixará de se surpreender ao notar que, perdido entre convenções
dramatúrgicas, Reyes consegue
levar com brio o seu filme, fornecer aos seus atores convicção necessária para criar seus papéis e,
vez por outra, criar boas cenas.
Eis o que faz de "Império" um
filme tão desnecessário quanto
simpático. Chega a ser uma pena
que o que poderia ser seu ponto
forte -as relações entre porto-riquenhos nascidos para a pobreza
e brancos predestinados a uma
existência tranquila- seja o que
mais soa constrangedor e conduza a trama a um desenlace pueril.
(INÁCIO ARAUJO)
Império
Produção: EUA, 2002
Direção: Franc Reyes
Com: John Leguizamo, Peter Sarsgaard,
Isabella Rossellini e Sonia Braga
Quando: a partir de hoje nos cines Belas
Artes, Internacional Guarulhos, SP
Market 6, Villa-Lobos e circuito
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