São Paulo, terça-feira, 09 de maio de 2006

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MIS reúne novos nomes da Magnum

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Eles são seis. Formam a nova geração de fotodocumentaristas da mítica agência de fotografia Magnum, fundada por Henri Cartier-Bresson e Robert Capa.
Rebeldes com causa, destemidos, premiados. A mostra "Off Broadway", que é aberta hoje no MIS (Museu da Imagem e do Som), reúne imagens feitas em conflitos pelo mundo para tentar uma improvável aproximação entre fotojornalismo e arte.
O grupo, formado pelos italianos Alex Majoli e Paolo Pellegrin, pelo alemão Thomas Dworzak, pelo finlandês Ilkka Uimonem, pelo francês Antoine D'Agata e pelo canadense Christopher Anderson, rompe barreiras geográficas e lingüísticas para capturar imagens da saga humana em qualquer local do mundo.
Eles são críticos e pretensiosos. Em conversa com a Folha, Majoli e Anderson disseram que fotógrafos como o brasileiro Sebastião Salgado e o norte-americano James Natchwey, referências essenciais do fotodocumental a partir dos anos 80, estão superados.
"Sebastião Salgado prioriza a luz e a atmosfera épica em suas fotografias. Ele tem um projeto estético que uniformiza seu trabalho. Prefiro trabalhar livre. Privilegiar menos a autoria e mais a relação com o outro", diz Majoli.
"As gerações anteriores tentavam encaixar o mundo numa caixa formatada por uma estética rigorosa. Nós implodimos essa caixa. Não quero ser um fotógrafo de um estilo e uma luz determinados a priori. O cruzamento de experiências que a fotografia pode propor é algo maior. Não cabe nessa caixa", afirma Anderson.
Ao fugir daquilo do que chamam de "escravidão da estética", o grupo prega um ecletismo tanto no ato fotográfico quanto na forma de exibição do trabalho.
As imagens exibidas na mostra não possuem créditos. "A autoria não é importante", frisa Majoli. As imagens projetadas nem sequer possuem legendas. "Importa menos o onde, o quando e o porquê do que a percepção que elas podem gerar no espectador ao serem vistas projetadas da forma como editamos", completa.
Ao apresentar imagens desconectadas do tempo, do espaço e do contexto em que foram geradas, "Off Broadway" pretende traçar um painel sobre a condição do homem contemporâneo. Algo muito mais ambicioso que o mero relato dos fatos noticiosos que originaram as fotografias.
"É ver o mundo como um grande teatro. Com a diferença de que tudo o que será visto de fato aconteceu. Nada é ficção", conclui Majoli. É ver para crer.
"Off Broadway" corre o risco de ser inaugurada hoje de forma adaptada. Até o fechamento desta edição, a Receita Federal, por motivo de greve, não havia liberado os cinco projetores Leica, importados especialmente para a montagem da exposição. Uma versão da projeção pode ser vista no site .


Off Broadway
Quando: abertura hoje, às 20h; de ter. a dom., das 12h às 20h; até 11/6
Onde: MIS (av. Europa, 158, Jardim Europa, SP, tel. 0/xx/11/3062-9197)
Quanto: entrada franca


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