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CCBB mostra caminhos do cine digital
Ciclo "Analógico Digital" reúne 20 longas-metragens e sete curtas de hoje até o dia 27 em centro cultural paulistano
Longas de Antonioni, Godard e Rohmer, entre outros, utilizam tecnologia digital em suas obras com resultados distintos
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Entre os 20 longas e sete curtas-metragens da mostra "Analógico Digital", que começa hoje no Centro Cultural Banco do
Brasil paulistano, encontram-se quase todas as maneiras pelas quais o cinema, cada vez
mais, tem se servido da tecnologia digital de captação, edição
e finalização de imagem e som.
Há, por um lado, os filmes
que recorreram à eletrônica
(TV, vídeo, computação) com
fins eminentemente estéticos,
buscando ampliar sua paleta
expressiva de uma maneira que
o cinema em película, por si só,
não permitiria.
É o caso, por exemplo, de "O
Mistério de Oberwald" (1981),
experiência pioneira de Michalangelo Antonioni com a captação em vídeo para posterior
transferência à película. Nesse
melodrama de época baseado
em peça de Jean Cocteau -em
que um jovem anarquista se
apaixona pela rainha que planejava matar-, o diretor italiano pôde dar rédea solta ao seu
uso expressivo das cores graças
aos recursos eletrônicos.
Assim como o argentino
"Fuckland", de José Luis Marques, "O Mistério..." será exibido em DVD (os dois com entrada franca). Os outros títulos serão exibidos em película.
Objetivos estéticos justificaram também o uso do digital no
cartunesco "Sin City", de Robert Rodriguez e Frank Miller.
Até o sóbrio veterano Eric Rohmer se rendeu à eletrônica para
realizar a fascinante experiência de transformar a Paris dos
anos da Revolução Francesa
em uma sucessão de pinturas
em três dimensões em "A Inglesa e o Duque".
De outro lado, estão documentários que optam pelo digital para aumentar a agilidade e
baixar os custos. O caso mais
eloqüente é "O Prisioneiro da
Grade de Ferro", de Paulo Sacramento, que retrata o dia-a-dia no Carandiru. Sem a leveza
e a facilidade de manuseio das
câmeras digitais, o diretor não
conseguiria fazer dos presos
co-realizadores do filme.
E há os filmes híbridos, que
usam o digital para simular um
registro documental e uma
imagem "suja" e aumentar sua
eficácia. É o caso de "A Bruxa de
Blair" e de "Os Idiotas".
A mostra só não é completa
por não conter um marco das
relações entre cinema e eletrônica que é "O Fundo do Coração" (1982), de Francis Ford
Coppola.
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