São Paulo, quarta-feira, 09 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CCBB mostra caminhos do cine digital

Ciclo "Analógico Digital" reúne 20 longas-metragens e sete curtas de hoje até o dia 27 em centro cultural paulistano

Longas de Antonioni, Godard e Rohmer, entre outros, utilizam tecnologia digital em suas obras com resultados distintos


JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Entre os 20 longas e sete curtas-metragens da mostra "Analógico Digital", que começa hoje no Centro Cultural Banco do Brasil paulistano, encontram-se quase todas as maneiras pelas quais o cinema, cada vez mais, tem se servido da tecnologia digital de captação, edição e finalização de imagem e som.
Há, por um lado, os filmes que recorreram à eletrônica (TV, vídeo, computação) com fins eminentemente estéticos, buscando ampliar sua paleta expressiva de uma maneira que o cinema em película, por si só, não permitiria.
É o caso, por exemplo, de "O Mistério de Oberwald" (1981), experiência pioneira de Michalangelo Antonioni com a captação em vídeo para posterior transferência à película. Nesse melodrama de época baseado em peça de Jean Cocteau -em que um jovem anarquista se apaixona pela rainha que planejava matar-, o diretor italiano pôde dar rédea solta ao seu uso expressivo das cores graças aos recursos eletrônicos.
Assim como o argentino "Fuckland", de José Luis Marques, "O Mistério..." será exibido em DVD (os dois com entrada franca). Os outros títulos serão exibidos em película.
Objetivos estéticos justificaram também o uso do digital no cartunesco "Sin City", de Robert Rodriguez e Frank Miller. Até o sóbrio veterano Eric Rohmer se rendeu à eletrônica para realizar a fascinante experiência de transformar a Paris dos anos da Revolução Francesa em uma sucessão de pinturas em três dimensões em "A Inglesa e o Duque".
De outro lado, estão documentários que optam pelo digital para aumentar a agilidade e baixar os custos. O caso mais eloqüente é "O Prisioneiro da Grade de Ferro", de Paulo Sacramento, que retrata o dia-a-dia no Carandiru. Sem a leveza e a facilidade de manuseio das câmeras digitais, o diretor não conseguiria fazer dos presos co-realizadores do filme.
E há os filmes híbridos, que usam o digital para simular um registro documental e uma imagem "suja" e aumentar sua eficácia. É o caso de "A Bruxa de Blair" e de "Os Idiotas".
A mostra só não é completa por não conter um marco das relações entre cinema e eletrônica que é "O Fundo do Coração" (1982), de Francis Ford Coppola.


Texto Anterior: Cinema: Irã prepara documentário em resposta ao filme "300"
Próximo Texto: Itaú Cultural exibe mostra de audiovisual
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.