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Brasileiros têm presença na área principal
DO ENVIADO A VENEZA
Como sempre, o contraste é gritante: de um lado as representações de
países como França, Alemanha e Estados Unidos,
que investem pesado em
seus artistas, e de outro,
países como o Brasil, com
recursos escassos.
Por conta da crise que
ronda a bienal, o pavilhão
brasileiro no Giardini está
mais modesto do que nas
edições anteriores. Com
curadoria do italiano Jacopo Crivelli, ex-diretor
de produção da Bienal de
São paulo, o país é visto em
obras da dupla de gaúchos
radicados em Paris Angela
Detanico e Rafael Lain e
do carioca José Damasceno.
Em comum, esses artistas partem da ressignificação de elementos. No caso
de Detanico e Lain, se trata da construção de novos
códigos, a partir de alfabetos ou imagens -eles
apresentam a série de estrelas vistas no início do
ano na Galeria Vermelho.
Já Damasceno apresenta trabalhos como
"Ecran/Crayon", com 80
mil gizes de cera empilhados na parede, que constroem uma imagem em
preto-e-branco.
Melhor vistos, estão seis
brasileiros escolhidos por
Robert Storr para a mostra
principal. No pavilhão italiano, estão Iran do Espírito Santo, Waltercio Caldas
e Leonilson. O primeiro é
visto com um conjunto
mais impressionante:
duas paredes com desenhos, uma simulando tijolos, e outra, uma grade, enquanto no chão estão peças de mármore negro.
Caldas, marcado por
obras minimalistas, com
"Half Mirror Sharp" (forma meio espelho), utiliza
seus materiais usuais, como linhas e vidros, mas
agora de forma saturada,
permitindo nova visão em
seu trabalho. Leonilson
tem o pior conjunto entre
os brasileiros, apenas quatro e pouco significativas.
Espalhadas pelo Giardino, estão maquetes de favelas, feitas por garotos do
grupo carioca do Morrinho. Numa bienal marcada pelo luxo e ostentação
como é Veneza, a precariedade da obra até que consegue ser provocadora.
Os mesmos meninos
trabalham com a fotógrafa
Paula Trope, com imagens
expostas no Arsenale, onde ainda estão as fotos de
guaritas da gaúcha Elaine
Tedesco.
(FC)
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